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Paulo Roberto Costa aparece em lista do HSBC na Suíça

Ex-diretor da estatal e delator da Lava Jato está na lista de clientes vazada por um ex-funcionário do banco que está sob suspeita de ser utilizado para lavagem de dinheiro e ocultação de bens

Foto do author Andreza Matais
Por Andreza Matais , Jamil Chade e correspondente em Genebra
Atualização:

Atualizado às 22h40

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O ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa, um dos principais delatores da Operação Lava Jato, está na lista do HSBC entregue por um ex-funcionário do banco para autoridades e jornais de todo o mundo, o que resultou no escândalo conhecido como Swissleaks. Entre as mais de 100 mil referências a personalidades, uma das fichas trata do brasileiro que está no centro do escândalo envolvendo a estatal brasileira.

Nos próximos dias, uma força-tarefa da Polícia Federal e do Ministério Público Federal irá a Paris buscar oficialmente os dados referentes a essa relação bancária entre o HSBC e Costa com um juiz da capital francesa.

A partir da investigação será possível saber se o ex-diretor teve um relacionamento bancário com o HSBC não informado em sua delação premiada ou se é o mesmo delatado por ele aos investigadores da Lava Jato. Caso essa relação com o HSBC revelada no Swissleaks não seja a mesma da relatada na delação, Costa poderá perder os benefícios do acordo pelo qual se comprometeu a colaborar com a Lava Jato em troca de redução de pena.

A decisão dos investigadores brasileiros de pedir os dados para a França e não para a Suíça decorre do fato de que, em Paris, o ex-funcionário do HSBC que entregou os dados, Hervé Falciani, não é tido como um criminoso, enquanto para os suíços ele roubou dados protegidos do banco. Aos suíços, o Ministério Público vai pedir que considere que o País tem o direito de usar as provas recebidas da França porque a retirada da lista do HSBC não se tratou de uma ato provocado pelo Brasil.

Ex-diretor da PetrobrásPaulo Roberto Costa Foto: Dida Sampaio/Estadão

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O Ministério Público Federal indicou que foi informado por fontes que tiveram acesso à lista de que o nome de Costa aparecia de fato no caso Swissleaks.

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Delação. Em seu acordo de delação premiada, Costa indicou que, no dia 13 de setembro de 2012, ele possuía “na conta 1501054, em nome da empresa Quinus Services S.A, no HSBC Bank, o montante de US$ 9.584.302,89 (nove milhões, quinhentos e oitenta e quatro mil e trezentos e dois reais e oitenta e nove centavos de dólares americanos)”. A empresa offshore, segundo ele, foi aberta pelo doleiro Bernardo Freiburghaus e, depois de 2012, o valor foi repartido a outros quatro bancos.

Em sua ficha do banco de Genebra revelada pelo Swissleaks, porém, não está designado se o ex-diretor da Petrobrás mantinha uma conta em seu nome ou se era apenas beneficiário de um fundo, de outras empresas ou simplesmente transitou com dinheiro pelo banco. O documento está listado no grupo de pessoas com “relações bancárias” com o HSBC. As fichas fazem referência a dados bancários até 2007.

O nome de Costa foi identificado graças ao acesso à lista fornecido pelo jornal suíço Le Temps, um dos meios de comunicação com um acordo para a difusão dos nomes do HSBC. A investigação do caso foi feita pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, em inglês) em parceria com o jornal francês Le Monde, que obteve os dados do HSBC em primeira mão. O Estado não tem acesso à documentação e obteve informações repassadas pelo jornal Le Temps. No Brasil o consórcio envolve o portal UOL e o jornal O Globo.

Na ficha em que consta o nome de Costa há a indicação de seu ano de nascimento, 1954, e o endereço: “Rua Tvaldo de Azambuja, casa 30, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, Brazil”. Trata-se da Rua Ivaldo de Azambuja, onde o ex-diretor da Petrobrás possui um imóvel. O documento traz ainda um número, 5090192330, uma referência a seu registro no banco. Não há na ficha nem o número de uma conta nem valores. A data da relação entre o brasileiro e o banco também não consta.

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Barusco. Costa não é o único nome da Petrobrás na lista do HSBC. O documento também traz o do ex-gerente Pedro Barusco Filho, o que já era conhecido diante de sua própria declaração à Polícia Federal. Segundo sua ficha, a conta foi mantida entre 1998 e 2005 e, em certo momento, chegou a ter US$ 992 mil. Uma das informações que constam do documento é a ordem para que nenhuma correspondência seja enviada ao endereço de Barusco no Brasil, no Rio. 

Outro citado na Lava Jato com conta no HSBC suíço é Henry Hoyer de Carvalho, suspeito de ter operado propinas do esquema da Petrobrás para beneficiar o PP. / COLABOROU RICARDO BRANDT

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