Paulo Renato recusa mediação do STJ

Por Agencia Estado
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O ministro da Educação, Paulo Renato Souza, recusou, nesta terça-feira, a intermediação do presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Paulo Costa Leite, nas negociações entre professores universitários grevistas e o governo federal. Cinco minutos após um encontro com sindicalistas, Costa Leite recebeu um telefonema de Paulo Renato. ?O ministro da Educação afirmou que, por enquanto, não há necessidade de uma mediação e que há espaço para uma negociação direta?, informou o presidente do STJ. Costa Leite já havia decidido tirar a toga para ajudar a acabar com a greve nas universidades, durante encontro com representantes do Sindicato Nacional dos Docentes (Andes). Mas, diante da negativa do ministro, só entrará em ação se voltar a ser procurado pelas duas partes. Após conversar com o ministro, o presidente do STJ avisou os sindicalistas da recusa do ministro da Educação. De acordo com a assessoria do tribunal, os professores teriam classificado a atitude de Paulo Renato de ?antidemocrática?. Mesmo obrigados a usar terno, roupa pouco usual nas assembléias sindicais, os representantes do Andes sentiram-se à vontade no sisudo prédio do STJ. Foi ali que os professores conseguiram, no final de setembro, liminar do ministro Gilson Dipp garantindo o pagamento do salário no período de greve. Mas uma decisão do ministro Ilmar Galvão, do Superior Tribunal Federal, na semana seguinte, derrubou a liminar, tornando legal o bloqueio do vencimento feito pelo ministro da Educação, Paulo Renato Souza. Paulo Costa Leite afirmou que tinha resolvido entrar na briga por uma questão de responsabilidade pública e porque a crise é ?grave?. ?Sem procurar responsáveis pelos dias sem aulas, devemos agir em busca de uma solução mais breve possível?, chegou a planejar. Presidente do STJ desde o ano passado, Costa Leite garantiu reajuste de 11,98% para os servidores do Judiciário. O ministro foi um crítico da publicação de medidas provisórias, antes da aprovação da lei que restringiu a edição desse instrumento legal. Mas ele se esquivou de comentar o salário dos professores das universidades federais. ?Eu era professor de instituição privada, não sei como era o salário na rede pública.? Gaúcho de Porto Alegre, Costa Leite, de 52 anos, foi professor de Teoria Geral do Processo e Direito Processual Civil da Associação de Ensino Unificado do Distrito Federal (AEUDF). Não é a primeira vez que os sindicalistas tentam nomear um mediador para as negociações com o MEC. Eles já bateram, sem sucesso, na porta do presidente do Senado, Ramez Tebet (PMDB-MS), do presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), e de uma série de líderes partidários. Também tentaram uma audiência com o presidente Fernando Henrique Cardoso. Desde o início da greve dia 22 de agosto, os representantes do Andes só estiveram cinco vezes no MEC. O bloqueio do salário de setembro levou os sindicalistas a interromper duas vezes as conversas com representantes do ministério. Tanto o Andes quanto o ministro Paulo Renato reclamam da intransigência e inflexibilidade da outra parte para resolver o impasse.

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