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Paulo Renato acha que fortaleceu sua candidatura

Por Agencia Estado
Atualização:

O ministro da Educação, Paulo Renato Souza, acredita que o fato de ter cortado o salário dos professores das universidades federais, em greve há dois meses, fortalece as suas pretensões de se candidatar a presidente da República nas eleições do ano que vem. Politicamente, poderá aparecer como um administrador que não transige com radicalismos. E isso, acredita, é fator positivo numa campanha. Administrativamente, Paulo Renato diz que está cumprindo à risca o programa de governo. "Tudo o que fiz nessa greve foi com o apoio do presidente Fernando Henrique Cardoso". O ministro afirma que nunca deixou de consultar o presidente antes de tomar qualquer atitude. "Os servidores da administração só decidiram renegociar, com a possibilidade de volta ao trabalho, porque cortei os salários de todo mundo". Isso, segundo o ministro, foi comunicado ao presidente. E antes de se reunir com os líderes dos partidos da base do governo, cinco ministros e dois presidentes de comissão de educação do Congresso, nesta quarta-feira, Paulo Renato afirma que passou o script do encontro com o presidente da República. Portanto, tudo o que foi falado na reunião teve um ensaio na noite anterior. Paulo Renato conversou nesta quinta-feira por três vezes com Fernando Henrique. Numa delas, falou da possibilidade de fim da greve dos servidores administrativos. No Palácio do Planalto existem duas avaliações diferentes a respeito da situação de Paulo Renato. Uma ala acha que ele não deveria ter deixado - e a expressão é de um dos auxiliares do presidente - "a corda da greve dos professores universitários chegar à Presidência", a ponto de Fernando Henrique ter de, pessoalmente, participar de reuniões com representantes dos grevistas, quase todos pertencentes ao ultra-esquerdista PSTU. A outra ala defende Paulo Renato, afirma que tudo foi feito em combinação com o presidente Fernando Henrique e que, efetivamente, o corte de salários dos professores ocorreu com a autorização do Palácio do Planalto. Portanto, a radicalização do ministro da Educação com os grevistas teria a orientação do presidente. Para tanto, citam como exemplo uma fala de Fernando Henrique na abertura da reunião com os ministros e líderes. Nesse pronunciamento, o presidente teria elogiado Paulo Renato e feito esta afirmação: "Existe uma hora em que não dá para transigir com greves injustificadas, porque o administrador corre o risco de ficar desmoralizado". Em seguida, Fernando Henrique citou um fato do início de seu governo, em 1995: "Se eu não tivesse radicalizado com os petroleiros logo que tomei posse, punido alguns, multado sindicatos, não teria como resistir a outros movimentos". O presidente teria afirmado, ainda: "Nunca mais houve uma greve como aquela".

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