Paulo Bernardo rebate FHC e o compara a desafeto de Mozart

Ministro responde às críticas do ex-presidente, que, em artigo, aponta 'riscos' de uma eventual vitória de Dilma

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Por Evandro Fadel e da Agência Estado
Atualização:

O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, rebateu nesta quinta-feira, 5, as críticas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, comparando-o a um músico ressentido. Para Bernardo, FHC está tentando "suprir a deficiência da oposição".

 

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Em artigo publicado no Estado do último domingo, 1, o ex-presidente analisa o que, a seu ver, seriam os riscos de uma vitória do governo nas eleições do ano que vem. "Se Dilma ganhar as eleições, sobrará um subperonismo (o lulismo) contagiando os dóceis fragmentos partidários, uma burocracia sindical aninhada no Estado e, como base do bloco de poder, a força dos fundos de pensão", escreveu FHC.

 

Para Bernardo, no entanto, as críticas refletem a falta de discurso da oposição. "Como ele é uma pessoa brilhante, de grande talento, e a oposição está numa mediocridade imensa, colossal, ele está tentando suprir isso", disse. "Agora, o risco que corre é ele ficar parecendo o Salieri (maestro Antonio Salieri), que ficava criticando o talento de Mozart (músico Wolfgang Amadeus Mozart) porque ele não conseguia ter o mesmo talento, não conseguia ter o mesmo reconhecimento."

 

De acordo com Bernardo, que esteve em Curitiba para uma palestra a professores, alunos e servidores da Universidade Federal do Paraná sobre o desempenho do governo federal e as perspectivas para 2010, o papel desempenhado por FHC traz um risco muito grande "para uma pessoa com a história do Fernando Henrique, que já foi considerado o príncipe da sociologia".

 

Na quarta-feira, 4, o ex-presidente voltou a criticar o governo Lula. Em palestra proferida no instituto que leva seu nome, Fernando Henrique também mirou na "inércia da oposição", e voltou a mostrar ceticismo sobre o futuro do País nas mãos da administração petista.

 

Franco-atirador

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"Ele faz o discurso de que, se não concorda comigo, é autoritário, deve ser alguma coisa desse tipo, mas isso é muito pobre para um Fernando Henrique, que era um dos maiores pensadores do Brasil em termos de realidade", reagiu Bernardo. "Uma pessoa com toda essa bagagem ficou sozinho, de franco-atirador, tentando resolver o problema que a incompetência do PSDB e do DEM não consegue resolver, que é ter um discurso para o País, que é ter uma proposta alternativa."

 

Em sua palestra, o ministro disse que ás vezes o governo é criticado por estar planejando os próximos anos sem ao menos saber se o PT continuará no poder. "Nós achamos que é obrigação do atual governo preparar o terreno para o próximo, independentemente de quem ganhar a eleição", disse. "Se tivermos um trabalho previamente estruturado o governo terá apenas que fazer opções e poderá trabalhar com economia de tempo e economia de recursos porque vamos fazer isso."

 

Para Bernardo, os investimentos que o Brasil tem feito, principalmente por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), vão se constituir em um "ritual de passagem do país em desenvolvimento para o país de primeiro mundo". E ressaltou que o Brasil tem uma democracia consolidada: "As mudanças se dão no voto, se quiserem mudar tem uma possibilidade no ano que vem."

 

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