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Paulinho diz que sofre perseguição política

Por Vannildo Mendes e BRASÍLIA
Atualização:

Ouvido ontem pela Polícia Federal, o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) negou envolvimento com a quadrilha, desmantelada pela Operação Santa Tereza, que desviava recursos do BNDES para prefeituras. Durante o depoimento, que durou duas horas, ele entregou nota de auditoria em que o banco alega não ter sofrido prejuízo com as operações, disse desconhecer as irregularidades e afirmou que seu nome foi "usado indevidamente" por pessoas acusadas de integrar a quadrilha. "Isso prova que o que há é uma grande perseguição política contra mim, devido ao meu trabalho no Congresso Nacional", afirmou à saída do interrogatório. Os esclarecimentos, porém, não mudaram a convicção da PF de que Paulinho era beneficiário do esquema. Os indícios levantados contra ele serão descritos no relatório que o delegado Rodrigo Levin enviará ao Supremo Tribunal Federal (STF) nos próximos dias. O delegado deve confirmar os termos do relatório preliminar enviado ao Ministério Público, publicado pelo Estado, segundo o qual "resta inequívoca a comprovação do efetivo recebimento de parcelas dos desvios de financiamentos do BNDES pelo deputado". Como se trata de um deputado federal, caberá ao STF decidir se Paulinho responderá ou não a processo por corrupção, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro, como os demais denunciados. Aconselhado pelo advogado, ele preferiu assinar um termo de declaração, em vez de depoimento. Tecnicamente, isso lhe permite esquivar-se de perguntas, para não produzir provas contra ele mesmo. Se fosse ouvido como testemunha, teria de jurar falar a verdade. A defesa de Paulinho segue a linha de que não ocorreram irregularidades nos contratos do BNDES. Por esse raciocínio, ele não tem motivos para ser acusado. Deflagrada em abril, a Operação Santa Teresa descobriu um esquema de desvio de recursos do BNDES para cerca de duzentas prefeituras. Também constatou que, em alguns casos, o dinheiro desviado se destinava a obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal. Parte dos recursos foi parar nas contas de pessoas e entidades ligadas ao deputado, entre elas a ONG Meu Guri, dirigida por sua mulher. No nota técnica apresentada por Paulinho, o BNDES atesta que não teve prejuízo com os contratos investigados, uma vez que o dinheiro estaria sendo pago no prazo previsto. Para a PF, mesmo que não tenha havido prejuízo financeiro, foram descumpridas regras básicas dos contratos celebrados pelo BNDES. Uma delas é a aplicação do dinheiro na finalidade prevista em contrato.

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