Patrus Ananias diz que reajuste do Bolsa Família é legal

Por Eduardo Kattah
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Durante a inauguração de um restaurante popular e tendo ao lado uma pré-candidata a prefeito de Belo Horizonte, o ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, defendeu hoje o reajuste nos benefícios do Bolsa Família. Ele rebateu a possibilidade de o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contestar o aumento médio de 8%, acima da inflação, anunciado ontem pelo governo. "Como advogado, como professor de direito, eu estou seguro de que, além da dimensão ética, de justiça social, o reajuste foi dado rigorosamente dentro da lei", afirmou o ministro, que visitou a capital mineira para inaugurar o restaurante de Venda Nova, uma das regiões mais populosas da cidade, na zona norte. Ele disse que está convicto de que não haverá dificuldades com a Justiça Eleitoral porque o reajuste foi concedido antes da data-limite. Segundo o ministro, existe também "uma compreensão" de que, nas eleições municipais, "não há nenhum impedimento para as ações do governo federal". A pré-candidata a prefeito da capital Jô Moraes (PC do B) e vários petistas ligados ao ministro - contrários à aliança com os tucanos em torno da candidatura do ex-secretário estadual de Desenvolvimento Econômico Márcio Lacerda (PSB) - participaram do evento. O prefeito do município, Fernando Pimentel (PT), que articulou a coligação com o governador Aécio Neves (PSDB), também participou. O grupo contrário à polêmica coalizão defende o lançamento de um candidato próprio do PT ou o apoio à candidatura de Jô Moraes - que deverá ser homologada no domingo, durante convenção do PC do B. Ela classificou como "mais do que justo" a elevação dos benefícios, lembrando a alta nos preços dos alimentos. Jô Moraes disse que não enxerga vínculo entre a decisão e as eleições, atribuindo eventuais críticas à "disputa política". "Isso não interferirá no resultado eleitoral porque o presidente Lula já tem ações concretas à população que foi atendida." Lula No discurso, Patrus Ananias reiterou a necessidade do aumento no valor dos benefícios, considerando que, com a medida, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu um "sinal claro" de que trabalhará para o controle da inflação, "mas a conta não será mandada para os pobres". "Não serão penalizados. Nós vamos manter e ampliar as políticas sociais", afirmou para os populares que lotaram o novo restaurante. Questionado, ele disse que só havia lido declarações de parlamentares da oposição favoráveis à ampliação. O ministro observou que, junto com o reajuste do Bolsa Família, Lula determinou o corte de R$ 3 bilhões no Orçamento de 2008. "Está mantida a austeridade do governo. Nós todos queremos a estabilidade, sabemos que a inflação é inaceitável, é perversa e pune, sobretudo, os pobres", disse. A expectativa do ministro é de que a pasta não seja atingida. "Minha intuição é que não haverá cortes no nosso ministério porque as políticas sociais se complementam. O Bolsa Família não é um programa isolado." O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome investiu R$ 629 mil no novo restaurante. A prefeitura entrou com uma contrapartida de R$ 155,8 mil. A unidade oferecerá 3 mil refeições diárias. Hoje, a agenda do ministro previa ainda a inauguração de um Centro de Referência de Assistência Social em Coronel Fabriciano (MG), ao lado do prefeito Chico Simões (PT), candidato à reeleição. Eles também participariam do lançamento do núcleo de um programa de cursos profissionalizantes para a população de baixa renda, preferencialmente beneficiários do Bolsa Família. Patrus Ananias recusou-se a falar sobre a possibilidade de o PSDB apoiar, informalmente, a chapa de Lacerda, tendo como candidato a vice-prefeito Roberto Carvalho (PT), diante do veto do diretório nacional petista à presença dos tucanos na aliança. Crítico do acordo entre Pimentel e Aécio, o ministro disse que estava no Estado para participar dos eventos e "falar sobre políticas sociais." Pimentel No pronunciamento, o prefeito de Belo Horizonte tocou, indiretamente, no assunto, pregando entendimento em torno da candidatura de Lacerda. Pimentel afirmou que tem a esperança de que Belo Horizonte "vai manter o rumo" trilhado a partir da gestão de Patrus Ananias, que chefiou a gestão municipal de 1993 até o fim de 1996.

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