Pastoral da Criança concorre ao Prêmio Nobel da Paz

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Por Agencia Estado
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A Pastoral da Criança, um trabalho de 18 anos que reduziu a mortalidade infantil das crianças atendidas a menos da metade da média nacional, concorre nesta sexta-feira ao Prêmio Nobel da Paz, cujo vencedor será anunciado em Oslo, na Noruega. A fundadora e coordenadora da pastoral, Zilda Arns Neumann, considera a indicação uma vitória para a luta de mais de 150 mil voluntários em todo o Brasil - a maioria vivendo nas comunidades carentes que atende - para preservar a vida das crianças. "Isto serviu para motivar os voluntários; se vier algo mais será lucro", diz. "É claro que estou com o coração batendo mais forte, mais acelerado." Segundo ela, o prêmio seria vitória para os voluntários. "Seria, igualmente, um reconhecimento mundial que ajudaria a Pastoral da Criança, que já está presente em outros 12 países, a firmar parcerias com governos e empresariado, para se estruturar melhor e cuidar de milhares de crianças que necessitam desse trabalho", afirma. No ano passado, a pastoral recebeu do governo e da iniciativa privada US$ 8,5 milhões. "Rezo para que, qualquer que seja o ganhador, ajude na construção da paz que tanto o mundo precisa." O trabalho começou em 1983, em Florestópolis, no norte do Paraná e ganhou força por seguir um método simples, que leva ao comprometimento da comunidade, de onde saem os líderes. As crianças são acompanhadas antes mesmo do nascimento, com visitas domiciliares às gestantes e preparação para o aleitamento materno. Depois do nascimento, passam a ser pesadas periodicamente, recebendo alimentos enriquecido. As famílias são orientadas para o controle de doenças diarréicas e respiratórias e aprendem a fazer soro e medicação caseira, principalmente seguindo técnicas fitoterápicas. Os líderes comunitários também organizam reuniões de educação comunitária participativa, quando discutem com os pais, entre outras, questões como educação integral das crianças, violência doméstica e prevenção de acidentes domésticos. Ali são desenvolvidos ainda programas de geração de renda e alfabetização de jovens e adultos. A um custo de R$ 0,80 ao mês por criança, a pastoral está presente em 32,2 mil bolsões de pobreza em 3.403 municípios brasileiros, atendendo mais de 1,6 milhão de crianças menores de 6 anos. Com o trabalho, a taxa de mortalidade que no Brasil, segundo o Unicef, é de 34,6 para cada mil crianças nascidas vivas, cai entre as crianças atendidas pela pastoral para 13 em cada mil nascidas vivas.

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