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Pastas cobiçadas por aliados terão verba menor em 2012

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Por Lu Aiko Otta
Atualização:

Ministérios cobiçados por aliados e que poderão ter os comandos trocados na reforma ministerial estão na mira dos cortes que a presidente Dilma Rousseff pretende fazer no Orçamento de 2012. Pastas como Cidades e Integração Nacional, comandadas hoje pelo PP e PSB, respectivamente, receberam um elevado volume de emendas de parlamentares, alvo preferencial dos ajustes na programação de gastos. No total, as emendas acolhidas ao Orçamento de 2012, publicado como lei ontem, somam R$ 23,8 bilhões. Os dados foram levantados pelas consultorias de Orçamento da Câmara e do Senado, a pedido do jornal O Estado de S. Paulo.A tesourada nos gastos vem sendo discutida pela presidente com todos os ministros em rodadas de reuniões que começaram na quinta-feira e devem prosseguir até segunda-feira, quando está prevista um encontro geral.As conversas servirão para a presidente decidir quais projetos poderão ser adiados e quais deverão ser acelerados para ajudar a economia a crescer entre 4% e 5% este ano.O Ministério da Integração Nacional, por exemplo, foi aquinhoado com R$ 2,3 bilhões em emendas. Esses recursos são fortes candidatos a integrar o corte que poderá chegar à cifra de R$ 70 bilhões. A pasta ganhou destaque no final de 2011 pelo abandono das obras de integração das bacias do São Francisco, revelado pelo Estado. Prosseguiu na berlinda este ano pelo fato de o ministro Fernando Bezerra Coelho haver concentrado o repasse de verbas a seu Estado, o Pernambuco, além de favorecer familiares com cargos e contratos. A pasta das Cidades, comandada por Mário Negromonte (PP), que deve deixar o posto, também recebeu um volume elevado de emendas: R$ 3,4 bilhões. A tesourada pode atingir esses acréscimos feitos pelos parlamentares. O ministério cujo orçamento recebeu mais emendas no Congresso foi o da Educação, onde já foi decidida troca de comando, com a saída de Fernando Haddad e a entrada de Aloizio Mercadante. Lá, foram acrescentados R$ 4,1 bilhões em emendas que provavelmente serão bloqueadas.Os escândalos de desvios de verbas que alimentaram a "faxina" ministerial em 2011 não intimidaram os parlamentares. O Ministério do Turismo, por exemplo, recebeu R$ 1,9 bilhão em emendas, inclusive para patrocinar eventos culturais, o que havia sido proibido pela LDO. Foi constatado que esses eventos eram um verdadeiro escoadouro de dinheiro público.Dilma não deverá, porém, cortar na íntegra as emendas de parlamentares porque esse é um ano de eleições municipais. Algumas obras paroquiais, que em outros anos ficariam congeladas, deverão ser liberadas para auxiliar os candidatos alinhados com o governo.O corte de até R$ 70 bilhões deverá ter as mesmas diretrizes do ano passado: preservar investimentos e área social e conter gastos de custeio. Bonitas no discurso, essas linhas não foram seguidas à risca.Levantamento da organização Contas Abertas mostra que o único grupo de despesas a registrar queda em 2011 foi o dos investimentos. Custeio e pessoal, por sua vez, cresceram em termos absolutos. Enquanto os investimentos caíram de R$ 44,7 bilhões para R$ 41,9 bilhões, o custeio subiu de R$ 580,1 bilhão para R$ 664,3 bilhões e as despesas de pessoal passaram de R$ 183,4 bilhões para R$ 196,6 bilhões. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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