09 de julho de 2017 | 05h00
BELO HORIZONTE - Citando Martin Luther King, Eduardo Nepomuceno diz se sentir “injustiçado”. O promotor foi afastado pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) da área em que investigava casos de corrupção envolvendo políticos de Minas Gerais.
Como o senhor avalia a punição do CNMP?
Seja pelo volume de investigações, seja pela propositura de diversas ações sobre temas espinhosos, sem olhar a quem, passei a ser considerado um problema por aqueles que trabalham politicamente na instituição e fora da instituição. O processo disciplinar foi uma oportunidade que se criou para me afastar. Acabou dando certo, porque foi um julgamento político.
Por quê?
Houve limites ao direito de defesa e exacerbação da pena. Quatro condutas que me foram imputadas são punidas, na nossa lei orgânica, pela pena de advertência. Seria como cometer quatro furtos – e colocar a pena de homicídio.
Uma das acusações é que o senhor agiu “sem racionalidade na condução das investigações”?
Quer coisa mais subjetiva do que essa? Só adjetivo, o tempo inteiro. A comissão processante indicada pelo relator me absolveu de todas as acusações.
O que foi que o senhor fez para ter recebido essa punição?
Eu fui independente, investiguei e processei pessoas que nunca foram investigadas e processadas, pessoas detentoras de poder e que usaram desse poder para influenciar na minha condenação.
Que crítica o senhor faz ao CNMP?
A forma de julgamento concentra muito poder na mão do relator.
Qual é o seu estado de espírito por ter sido afastado?
Me sinto injustiçado. Como diz uma frase de Martin Luther King: “A injustiça num lugar qualquer é uma ameaça à Justiça em todo o lugar”.
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