Páscoa Judaica começa nesta quarta

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Por Agencia Estado
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Começam nesta quarta-feira à noite, ao surgir das primeiras estrelas, as comemorações da Páscoa Judaica, mais conhecida como Pessach, palavra hebraica que significa passagem, salto. A celebração, que dura oito dias, é feita em família e relembra um evento ocorrido há 3.315 anos: o êxodo, a libertação do povo judeu da escravidão e a sua fuga do Egito. Mas a festa também tem um significado atual, segundo Raul Meyer, vice-presidente do Centro de Cultura Judaica de São Paulo: "É um momento em que festejamos e defendemos a liberdade como o bem mais precioso de todos os homens." Em São Paulo, que reúne uma comunidade estimada de 65 mil judeus, esta terça foi um dia de preparativos. Para a maioria das famílias ela se inicia com o seder, jantar típico, no qual todos os alimentos têm um aspecto simbólico. Um dos mais característicos é o matzá, pão preparado sem fermento para lembrar que a saída do Egito foi feita às pressas, por ordem do faraó. Não houve tempo para fermentar o pão que alimentaria os judeus em sua jornada. Durante os dias do Pessach não se deve comer nenhum alimento fermentado. Em hebraico - O ritual do seder segue as instruções contidas no Hagadá, livro com a narrativa do êxodo. O arquiteto paulistano Silvio Heilbut, de 58 anos, lembra que em sua infância a celebração era inteiramente em hebraico, por vontade de seus pais. Hoje, parte do ritual já se faz em português. "É um encontro alegre, que diverte principalmente as crianças, e no qual se come bem", define Heilbut. "Geralmente as famílias convidam pessoas sozinhas para festejar com elas." Heilbut gosta particularmente do momento em que uma criança faz perguntas sobre o significado daqueles dias. As respostas devem ser dadas pelo homem mais velho presente. Boa parte dos alimentos para a festa é preparada em casa. Mas aumenta a cada ano a quantidade de produtos industrializados à disposição das famílias. A Casa Santa Luzia, nos Jardins, monta anualmente um balcão com produtos para o Pessach. Variam desde o trivial matzá a versões sofisticadas do gefilte fish, bolinho de peixe. O Pessach, celebrado no 15º dia do nisan, o sétimo mês do calendário judaico, coincide com a Páscoa dos cristãos, que será celebrada neste domingo. Na verdade, há uma íntima relação entre as duas festas. Quando Jesus Cristo, que era judeu, reuniu-se com seus apóstolos para a "Última Ceia", o objetivo era justamente a comemoração da fuga do povo hebreu do Egito. Imediatamente depois ele seria preso e crucificado, para ressuscitar três dias depois, segundo a crença cristã. Daí a coincidência das datas nos calendários judeu e cristão. A Páscoa marca o dia da ressurreição de Cristo - e também tem para os seus seguidores o significado de passagem. "No domingo de Páscoa celebramos a passagem da morte para a vida, do pecado para a graça, do mal para o bem", explica o bispo dom Fernando Figueiredo, da Diocese de Santo Amaro, em São Paulo. "É o ressurgir para a vida nova." Nas duas culturas a data tem uma importância crucial. Raul Meyer, do Centro de Cultura Judaica, observa que o êxodo assinala o surgimento do povo hebreu. "Surgiram ali as condições para a criação de uma cultura comum", diz. Para os cristãos, a ressurreição de seu líder, teria confirmado tudo que ele havia dito e a sua divindade. Daí o fato de a Páscoa ser mais importante do que o Natal ou qualquer outra festa da liturgia cristã. Segundo o apóstolo São Paulo, "se Jesus não ressuscitasse, vã teria sido a nossa fé".

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