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'Parto do princípio de que foi uma denúncia equivocada'

Um dos réus do caso conhecido como mensalão mineiro, senador Clésio Andrade (PMDB-MG) acredita que o julgamento não vai atrapalhar seus planos de candidatura ao governo de Minas

Por Eduardo Kattah
Atualização:

São Paulo - Alvo de ação penal no Supremo Tribunal Federal pelos fatos do mensalão mineiro, o senador Clésio Andrade (PMDB-MG) trabalha para concorrer ao governo de Minas em outubro. Clésio foi acusado pelos crimes de peculato e lavagem de dinheiro na denúncia que apontou um esquema de desvio de R$ 3,5 milhões de estatais mineiras para a campanha à reeleição do então governador do estado, Eduardo Azeredo (PSDB), em 1998. Clésio era candidato a vice na chapa encabeçada por Azeredo. Ex-vice-governador de Minas no primeiro mandato de Aécio Neves (PSDB), Clésio diz que não teme o uso do processo em eventual candidatura. "Entrei com um pedido de anulação dessa ação penal." A postulação de Clésio enfrenta resistências dentro do próprio PMDB estadual, que defende uma aliança em torno do nome do ministro do Desenvolvimento Fernando Pimentel (PT). O senador, que também é presidente da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), afirma que sua prioridade no governo seria a construção de 80 penitenciárias para "recolher bandidos" que aguardam cumprimento de mandados de prisão. Leia a entrevista: Por que o sr. defende que o PMDB tenha candidatura própria em 2014 em Minas?O PMDB sempre foi um partido de disputar eleições e a gente trabalha para o partido se fortalecer. O PMDB é o único partido capaz de fazer a transformação que Minas precisa, de retomar os investimentos. Nos últimos anos Minas vem perdendo muitos investimentos. Não há muito repasse federal para a área de segurança, a estrutura de Minas está um desastre.... Por que acontece isso? É pelo conflito entre os partidos (PT e o PSDB).A coligação em Minas não terá de repetir a lógica nacional, com uma aliança entre PT e PMDB? Fala-se no nome do ministro Fernando Pimentel (PT) com um vice do PMDB. Em 2010, o PT abriu mão da candidatura própria para o peemedebista Hélio Costa. Poderá haver uma exigência para a aliança... Não acredito em exigência. As declarações do presidente Michel Temer (vice-presidente da República), do (senador Valdir) Raupp (presidente nacional do PMDB), de toda a direção nacional, é que a decisão será tomada em Minas Gerais. Então eu não acredito em pressão que venha de fora. A ação penal que responde no STF do chamado mensalão mineiro não é um impeditivo para uma futura candidatura?Estou muito tranquilo. Eu entrei com um pedido de anulação dessa ação penal. No nosso entendimento é que ela é totalmente equivocada. Eu não era vice-governador e se eu não era vice-governador não poderia ter crime de peculato. Eu não era sócio das empresas, tinha saído delas há mais de um mês. Então não poderia ter sido responsabilizado por qualquer atitude das empresas. Parto do princípio de que foi uma denúncia equivocada, passível de anulação. Estou muito tranquilo. Eu não era vice-governador e não era ordenador de despesas. Portanto eu não tenho responsabilidade sobre nenhum peculato ocorrido no Estado. Como o sr. viu a condenação e prisão dos políticos no mensalão?Justiça não se discute, cumpre-se. É difícil ter uma inteerpretação sobre um julgador que chega ao nível a ministro do Supremo. Tem que respeitar a posição deles. Não tenho nenhuma opinião formada sobre isso, até porque eu não teria capacitação técnica para isso. O sr. também é alvo de uma ação civil pelos fatos da campanha de 1998 e pelo menos outros cinco inquéritos no Supremo. Como vai responder a esses processos?Não existe isso não. Na realidade existem inquéritos dentro do sistema CNT (Confederação Nacional dos Transportes), que é natural acontecer. Às vezes um erro de licitação formal e aí se abre um procedimento e como eu sou presidente da entidade, meu nome é apontado e acaba indo para o STF. Mas não há nenhuma preocupação com relação elas, todas estão em fase muito boa de serem encerradas. Como o sr. vê a futura candidatura presidencial do senador Aécio Neves, de quem foi vice no primeiro mandato dele no governo de Minas?Eu vejo a candidatura dele com boas chances. Vejo não só boas possibilidades na reeleição da presidente Dilma, mas vejo também uma possibilidade de uma eleição inovadora, de uma mudança desse cenário. Eu não arriscaria quem vai ganhar a eleição. Vai ser uma eleição de dois turnos e muito disputada. O que o sr. pretende fazer no governo do Estado?Estamos muito preparados para essa disputa. Queremos apresentar um projeto transformador para Minas, que se preocupe para a segurança pública. O que acontece em Minas hoje? Nós temos 17 mil mandados de prisão não cumpridos, de condenados. Normalmente esse pessoal são os bandidos especialistas (no crime). Então um dos primeiros projetos nossos é construir 80 penitenciárias de uma vez e recolher esse pessoal, porque nós precisamos trazer tranquilidade para a população de Minas. Esse seria um dos primeiros pontos do meu plano de governo.

 

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