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Partidos que apoiam presidente da Câmara dão 140 votos a emenda ‘anti-Cunha’

Texto que proíbe políticos, funcionários públicos e seus parentes de até segundo grau de se beneficiarem do projeto de repatriação de recursos votado na Casa nesta semana foi aprovado por aliados do peemedebista

Foto do author Julia Lindner
Por Julia Lindner , Valmar Hupsel Filho e Karina Menezes
Atualização:

O apoio à permanência no cargo do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), manifestado nesta quarta-feira, 11, em nota assinada por líderes de 13 partidos (PR, PMDB, PSC, PP, PSD, PTB, SD, PEN, PMN, PRP, PHS, PTN, PT do B) e lida em plenário pelo deputado André Moura (PSC-SE), não se converteu em adesão no plenário a propostas que interessam ao peemedebista. No mesmo dia, parlamentares dessas mesmas legendas garantiram a aprovação da chamada “emenda anti-Cunha” no projeto de lei da repatriação de recursos votado pela Câmara.

A emenda foi apelidada de “anti-Cunha” porque proíbe que políticos, funcionários públicos e seus parentes de até segundo grau sejam beneficiados pelo projeto que autoriza a regularização de dinheiro e bens enviados ao exterior sem declaração à Receita Federal. Cunha é alvo de investigação da Operação Lava Jato e de uma representação no Conselho de Ética da Câmara por suspeita de manter quatro contas na Suíça, cujos beneficiados seriam sua mulher e filha, além dele próprio.

O deputado federal André Moura (PSC) Foto: André Dusek

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Aprovada por 351 parlamentares, a emenda “anti-Cunha” contou com votos de 140 deputados filiados às legendas que subscreveram a nota de apoio ao peemedebista. Entre eles, 23 são do PMDB, partido do presidente da Casa. Aliados do peemedebista filiados a outros partidos, como o deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), também subscreveram a emenda.

Para o deputado André Moura (PSC-SE), o comportamento dos parlamentares durante a votação só demonstra que a “emenda anti-Cunha” não foi feita sob encomenda para prejudicar o presidente da Câmara. “Se fosse, teríamos trabalhado e pedido aos deputados destes partidos para poder votar a favor (do presidente). E não fizemos isso”, disse o parlamentar. “Em momento algum conversamos ou pedimos que algum parlamentar dos 13 partidos para votar. É uma prova maior que a emenda que estão apelidando não era, diferente do que estão aplidando, voltada para atender ao presidente Eduardo Cunha. Tanto é que ele deixou todo mundo livre para votar como quiser”, disse.

Aliado de Cunha, o deputado Luis Carlos Heize (PP-RS), que votou pela aprovação da emenda, disse que seu comportamento na votação nada tem a ver com o apoio ao presidente da Câmara. “Já trabalhava contra o projeto desde antes. A emenda foi consequência”, disse.