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Partido criou rede de cargos nas estatais

Apadrinhamento atinge 37 postos e beneficia até mesmo ex-senadores

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Por Expedito Filho
Atualização:

Um grupo de senadores e ex-senadores do PMDB, unidos por uma rede de interesses, fez da administração federal uma espécie de condomínio fechado. Ali, os peemedebistas têm sob seu mando 37 postos estratégicos em estatais. Desde a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) - pivô do escândalo do mensalão - até instituições financeiras como o Banco da Amazônia (Basa), Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil (BB). O grupo elegeu os últimos presidentes do Senado (José Sarney e o licenciado Renan Calheiros) e transformou o Ministério das Comunicações em seu braço mais avançado dentro da administração petista. A rede fisiológica beneficia até mesmo quem já não é mais senador. Ex-senador e ex-presidente do Senado, o deputado Jader Barbalho (PMDB-PA) possui dois apadrinhados na presidência, uma das diretorias da Eletronorte, a diretoria comercial dos Correios, uma vice-presidência da Caixa e uma diretoria do Basa. Tamanha concentração de poder se explica pelo fato de Jader ser um dos "síndicos" do condomínio. No coração do condomínio está o ex-presidente da República e senador José Sarney (PMDB-AP). Ele tem apadrinhados na diretoria internacional da Petrobrás (indicação em compadrio com Renan), a vice-presidência de Tecnologia do BB, as diretorias financeiras e técnica da Eletronorte, a presidência do Fundo de Pensão Postalis, entre outros postos. Sarney coleciona até agora um único fracasso: no primeiro mandato de Lula, não conseguiu fazer Francisco Escórcio - acusado de espionar senadores para Renan - diretor dos Correios. Presidente do Senado licenciado, atormentado por denúncias, Renan também tem um naco importante do poder. A presidência da Transpetro, ocupada pelo seu afilhado político, o ex-senador Sérgio Machado (CE), foi mobilizada quando o plenário do Senado decidia se cassaria ou não seu mandato: no dia da votação, 12 de setembro, Machado procurou os senadores de oposição para demovê-los de votar pela cassação. No condomínio, pela capacidade de negociação, Renan (até ser denunciado no Conselho de Ética) era tão forte quanto Sarney. Além da diretoria internacional da Petrobrás, dividia com o PP o apoio pela indicação da diretoria de Abastecimento da estatal. No Postalis, fundo de pensão dos Correios, uma das diretorias também foi indicação dele. Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo no Senado, o ex-senador Ney Suassuna e Valdir Raupp (RO), líder do partido, estão entre os condôminos mais importantes. Pragmáticos, já estão escolhendo um dos membros do condomínio para a vaga aberta com a licença de Renan. Jucá, Renan e Sarney não retornaram os contatos do Estado. O Ministério das Comunicações confirmou que parte das nomeações é política, mas "passa pelo crivo da Casa Civil".

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