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Partido agora quer apressar lançamento de Marta

Com fechamento de acordo entre DEM e PMDB, aliados apelaram para que ministra inicie campanha em maio

Foto do author Vera Rosa
Por Vera Rosa e Brasília
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No mesmo dia em que o prefeito Gilberto Kassab (DEM) recebeu apoio do PMDB paulista para a corrida à reeleição, o PT promoveu uma pajelança para afagar a ministra do Turismo, Marta Suplicy, e pedir a antecipação de sua entrada na disputa. Depois da rasteira do ex-governador Orestes Quércia, que fechou aliança com Kassab, um time formado por 33 petistas - incluindo todos os vereadores do PT, deputados estaduais, federais e senadores - reuniu-se ontem com Marta e apelou, em coro, para que ela inicie a campanha em maio. ''Estou muito propensa a aceitar a candidatura'', disse a ministra, ao sair do encontro. Na prática, já está tudo decidido, mas Marta ainda não fez o anúncio oficial. ''Foi muito forte o apelo porque mostrou o partido unido, com toda a representação do Estado de São Paulo. Isso me tocou profundamente.'' Marta não passou recibo do apoio do PMDB a Kassab, que tem o aval do governador de São Paulo, José Serra (PSDB). Ao contrário, procurou inverter a situação, jogando a crise no colo do ex-governador Geraldo Alckmin, pré-candidato do PSDB à prefeitura. ''Eu acho que quem ficou numa situação mais desfavorável foi o Alckmin'', afirmou a ministra. ''Ele ficou numa situação bastante delicada, já que seu próprio partido articulou na direção contrária à sua candidatura.'' Na cúpula do PT, porém, o movimento de Quércia, em dobradinha com Serra, foi considerado preocupante. Para selar o acordo, o ex-governador e presidente do PMDB paulista recebeu a garantia de que terá o aval do DEM na disputa ao Senado, em 2010. ''O PMDB de São Paulo cometeu um grande erro político ao apoiar Kassab. Foi uma decisão casuística do PMDB, porque não corresponde ao que o partido está fazendo no plano nacional'', provocou o vereador José Américo Dias, presidente do PT paulistano. CONVERSA COM LULA Na segunda-feira, dirigentes do PT vão conversar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estará em Osasco e Guarulhos para inaugurar obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Os petistas pedirão a Lula que ajude nas negociações para montar a aliança de apoio a Marta. Com o fracasso do casamento com o PMDB, eles correm contra o tempo para não deixar escapar os partidos do chamado ''bloquinho'' (PSB, PC do B e PDT). Até agora, porém, nenhuma dessas siglas mostrou disposição para aderir à campanha de Marta. A maior dificuldade reside no PSB e no PDT. O racha na base aliada do Planalto inclui o PTB, que namora os tucanos. Apenas o PR, que também tem um pé na canoa de Kassab, está mais próximo do PT. ''É importante que o presidente Lula tenha um olhar especial para São Paulo, onde a disputa sempre foi polarizada. Além disso, essa eleição é importante para o projeto nacional do partido e para a sua própria sucessão, em 2010'', disse o senador Aloizio Mercadante (PT-SP). ''A presença dele ajuda em tudo, inclusive nas alianças.'' Embora Marta tenha até 5 de junho para deixar o cargo - prazo estabelecido pela Lei Eleitoral -, tudo indica que ela anunciará a saída da Esplanada em maio. Na prática, a ministra já acertou tudo com Lula e sua campanha tem até marqueteiro: o publicitário João Santana, que hoje trabalha como consultor do Planalto. A estratégia do QG petista é colar a campanha de Marta ao governo Lula e investir no racha do PSDB, levando à vitrine os projetos do PT que deram certo na capital paulista, quando a ministra ocupou a prefeitura (2001 a 2004). Pesquisas em poder do PT mostram que o presidente é o grande cabo eleitoral da eleição de outubro. Além disso, queixas na área de transporte lideram o ranking dos problemas apontados pelos paulistanos. Não é à toa que Marta calibrou ontem o discurso nessa direção. ''A questão do trânsito é a expressão maior do drama da falta de planejamento: a população de São Paulo vive uma situação de caos'', emendou a ministra, adotando tom de campanha.

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