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Parlamentares se espantam com morte de coronel

Por RICARDO DELLA COLETTA E DAIENE CARDOSO
Atualização:

Parlamentares receberam "com espanto" a notícia da morte do coronel reformado do Exército Paulo Malhães e cobraram a entrada da Polícia Federal nas investigações. Em depoimento à Comissão Nacional da Verdade em março, Malhães relatara ter participado de prisões e torturas durante a ditadura militar no Brasil. Para o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), a morte do militar foi um "crime político para apagar as marcas do arbítrio e da tortura". "É urgente e necessário a entrada da Polícia Federal no caso do assassinato de Paulo Malhães para esclarecer o ocorrido", cobrou o senador.O coronel reformado foi encontrado morto na manhã desta sexta-feira no sítio em que morava em Nova Iguaçu (Baixada Fluminense). Seu corpo apresentava marcas de asfixia, segundo a Polícia Civil.Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, o deputado Assis do Couto (PT-PR) lamentou o ocorrido e argumentou que Malhães tinha importantes informações sobre o período militar no País. "Recebi (a notícia) um pouco chocado e com espanto, porque a gente estava tratando desse assunto (na comissão)", relatou o deputado. Ele evitou comentar, no entanto, sobre possíveis motivações políticas do crime. "É a perda de alguém que estava, nesse ponto de vista, contribuindo para informações necessárias neste momento da história", disse o deputado. Ele também pontuou que as circunstâncias da morte de Malhães podem prejudicar o trabalho da Comissão Nacional da Verdade e de outros órgãos que apuram fatos ocorridos no regime militar, uma vez que testemunhas podem ter medo de prestar novos depoimentos.A Comissão de Direitos Humanos aprovou nesta semana um requerimento para realizar uma audiência pública para debater a chamada Chacina do Parque, ocorrida em 1974 no Parque Nacional de Iguaçu, quando seis pessoas foram mortas. Malhães - um dos convidados a comparecer na audiência - havia dito em depoimento à Comissão Nacional da Verdade ter participado da chacina.De acordo com o relato da viúva do coronel Cristina Batista Malhães, três homens invadiram o sítio de Malhães na noite de quinta-feira procurando armas. Cristina disse que ela e o caseiro foram amarrados e trancados em um cômodo, das 13h às 22h de quinta pelos invasores.

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