Após rebaixamento do País, parlamentares pró-impeachment fazem ato na Câmara

Evento marca o lançamento de site com petição pública para recolher assinaturas e incentivar a abertura no Congresso de um processo de afastamento de Dilma Rousseff

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Por Carla Araujo e Daniel de Carvalho
Atualização:

Um grupo de parlamentares que defende o impeachment da presidente Dilma Rousseff oficializou nesta quinta-feira, 10, no salão verde da Câmara dos Deputados, o lançamento de um site com uma petição pública para recolher assinaturas e incentivar a abertura de um processo de impeachment no Congresso.

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Com miniaturas de pixulecos, o boneco inflável do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vestido de presidiário, e balões pretos também com a imagem do boneco, os parlamentares discursaram e disseram que o ato de hoje quer "resgatar a esperança" e "demonstrar a indignação" com o que chamaram de "desgoverno" do PT.

O líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Carlos Sampaio (SP), disse que vai iniciar um "amplo convencimento" dos parlamentares para conseguir o maior apoio possível para o impeachment. "Hoje nasce o movimento suprapartidário pró-impeachment na Câmara Federal", disse. "Nós não somos os protagonistas desse movimento, os verdadeiros protagonistas são os movimentos de rua, a sociedade civil organizada que numa demonstração de indignação com esse governo corrupto e mentiroso deixou claro para nós deputados que não suportam mais três anos e meio de governo do PT e da presidente Dilma", afirmou.

Com miniaturas de pixulecos em mãoes,parlamentareslançaram, na quinta-feira, 10,na Câmara um site competição pública para recolher assinaturas e incentivar a abertura de um processo de impeachment no Congresso.Leia mais Foto: DIDA SAMPAIO / ESTADAO

O deputado peemedebista Jarbas Vasconcelos (PE) disse que é importante que seu partido, hoje fundamental para a base de apoio do governo, tome consciência de que é preciso dar exemplo para outras bancadas. "Ou ela sai, renuncia, ou ela cai", disse.

O presidente do PPS, deputado Roberto Freire (SP), lembrou o impeachment do ex-presidente Fernando Collor e disse que assim como na ocasião, quando o PT apoiava a medida, o movimento de hoje é "uma ação democrática".

O líder do DEM, deputado Mendonça Filho (PE), afirmou que há argumentos para pedir o afastamento de Dilma e afirmou que o momento é "histórico" e disse que a eleição presidencial foi caracterizada pela "fraude e mentira". "A campanha de Dilma foi financiada com recursos do petrolão", em referência ao escândalo que apura suspeitas de corrupção na Petrobrás.

O líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), também participou do evento e disse que a população não quer mais "pagar as contas do governo". "Essa Casa hoje passa a ter uma sintonia fina e direta com a população e o Senado vai receber a abertura e autorização do processo de impeachment", afirmou. Caiado disse ainda "ter certeza" de que ao tirar a presidente Dilma e o PT do governo, o Brasil vai se recuperar rapidamente da crise econômica. "Em um curto espaço de tempo, em um ano, podem ter certeza", disse.

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O líder da minoria, deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), também reforçou o discurso de que o movimento está criando um dia histórico e disse "que começou hoje o processo de afastamento de Dilma". A presidente do PTB, Cristiane Brasil (RJ), filha do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), disse que está na hora de "virar a página". "Estamos aqui para responder o anseio da sociedade. Não queremos a troca de poder, queremos é devolver a esperança de um futuro melhor para os brasileiros", disse.

A deputada federal Mara Gabrilli (PSDB-SP) também discursou e fez um apelo à presidente Dilma Rousseff: "Se a senhora, presidente Dilma, tem amor pela pátria, deixe esse governo. Opte pelo povo brasileiro e deixe de optar pelo PT", disse.

No encerramento do ato, os parlamentares cantaram o Hino Nacional e gritaram "Brasil, Brasil" e "Fora Dilma". Eles ainda assinaram uma bandeira do Brasil.

O site. O portal abre com a seguinte mensagem: "Assine o abaixo assinado pelo impeachment de Dilma". A página virtual traz a íntegra do pedido de impeachment apresentado pelo jurista Hélio Bicudo, fundador do PT. Na peça apresentada, Bicudo cita as "pedaladas fiscais", a Operação Lava Jato e a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, pela Petrobras para afirmar que Dilma cometeu crime de responsabilidade. O jurista também lembra que o vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes, solicitou à Procuradoria-Geral da República apuração sobre eventuais crimes eleitorais.

Movimento da Câmara lança site pró-impeachment Foto: Reprodução

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O site estimula que internautas compartilhem fotos em que apareçam pedindo a saída de Dilma Rousseff da Presidência. E traz uma sessão chamada "compartilhe os fatos na rede", com três imagens. Na primeira, uma frase de Hélio Bicudo: "Golpe será permitir que o estado de coisas vigente se perpetue". Na outra, há uma foto da presidente e a frase "Mentiu na campanha. Estourou as contas públicas para ganhar eleição. Se beneficiou de esquema corrupto. Merece continuar? Não". No terceiro, a frase é a seguinte: "Se até um fundador do PT pede impeachment de Dilma, é porque o governo não tem nenhuma condição moral de continuar".

O movimento, que reúne deputados de PSDB, PPS, DEM, SD, PSC, PTB e até partidos da base, como PMDB e PSD, tem também perfil no Twitter e página no Facebook.

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