Nenhum parlamentar do PMDB figurou na lista dos 10 parlamentares mais influentes do Congresso, segundo pesquisa do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap). Para o líder do partido, Geddel Vieira Lima (BA), trata-se, certamente, de um reflexo da divisão existente no PMDB. ?Isso faz com que não tenhamos uma posição uniforme e pouca influência nas votações na Câmara?, disse. As pesquisas são feitas desde 1996 ? exceto em 1998. Ficou constatado ainda que o Senado pós-Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) perdeu muita força. Perda de influência Ao contrário dos anos anteriores, em que o Senado praticamente dividia com a Câmara o número de ?cabeças? do Congresso, desta vez apenas o senador Jefferson Peres (PDT-AM) entrou na lista dos 10 mais influentes. Verificou-se ainda que a decisão do presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), de votar um ?pacote ético?, deu grande resultado. Ele foi considerado por seus pares o número 1 entre os ?cabeças?. Dos 10 mais influentes, cinco são paulistas: José Genoíno (PT-SP), Arnaldo Madeira (PSDB-SP), Delfim Netto (PPB-SP), Aloizio Mercadante (PT-SP) e José Dirceu (PT-SP). Os outros são: Aécio Neves, Inocêncio Oliveira (PFL-PE), Walter Pinheiro (PT-BA), Jefferson Peres e Miro Teixeira (PDT-RJ). Maioria é da oposição Dos mais influentes, seis são de partidos de oposição, e quatro, da base parlamentar do governo. A pesquisa do Diap é feita em duas etapas. Primeiro, a maioria dos 594 parlamentares (513 deputados e 81 senadores) elege os 100 cabeças. Depois, estes 100 são procurados para escolher os que consideram ser os 10 mais influentes. Logo depois dos 10 primeiros, de acordo com o Diap, aparecem os nomes dos senadores José Eduardo Dutra (PT-SE), Pedro Simon (PMDB-RS) e Jorge Bornhausen (PFL-SC). Em seguida, o deputado Geddel Vieira Lima, o senador José Sarney (PMDB-AP), o deputado Jutahy Junior (PSDB-BA), o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) e os deputados Michel Temer (PMDB-SP), Arthur Virgílio (PSDB-AM), que hoje assume o cargo de ministro-chefe da Secretaria-Geral do Palácio do Planalto, e Sérgio Miranda (PC do B-MG). Explicação A direção do Diap tem uma explicação para o maior número de parlamentares de oposição entre os 10 mais influentes. Lembra que, na pesquisa, responderam 11 senadores dos 26 que constam da lista dos 100 principais e 40 deputados dos 74 ?cabeças?. Entre os que responderam estão 19 dos 54 parlamentares governistas, 25 dos 38 de oposição e 7 dos 8 considerados independentes em relação ao governo (PL e PPS). Diz ainda o Diap que, caso houvesse mais respostas de governistas, o resultado poderia sofrer pequenas alterações. Poucas alterações Alguns aliados do governo poderiam passar do segundo para o primeiro grupo dos mais influentes. Numa análise a respeito dos 20 ?cabeças?, conclui-se que os aliados do governo contam com 11 influentes; a oposição, 9. Comparada com os resultados das consultas anteriores, a pesquisa atual mostra que o comando dos influentes sofreu poucas variações nos últimos cinco anos. Os deputados Inocêncio Oliveira, Miro Teixeira e José Genoíno estiveram presentes nas cinco pesquisas; Michel Temer e o ex-senador Antonio Carlos Magalhães estiveram nas últimas quatro; Delfim Netto esteve nas três primeiras, saiu no ano passado e voltou agora. Quem são eles Estes são os 10 parlamentares considerados os mais influentes do Congresso: 1) Aécio Neves (PSDB-MG) ? Presidente da Câmara. De acordo com o Diap, mostrou-se um exímio negociador durante o período em que foi líder do PSDB. Na presidência da Câmara, tem cumprido os acordos feitos com a oposição. 2) Inocêncio Oliveira (PFL-PE) ? Líder do PFL. Está no sétimo mandato. Ocupa sempre um cargo importante, seja na direção da Câmara, seja na do partido. No início do ano, disputou a perdeu a presidência da Câmara para Aécio. Brigou com o governo, mas já fez as pazes. 3) José Genoíno (PT-SP) ? Está no quinto mandato. Foi líder do PT por duas vezes. Evoluiu de um discurso contestador para outro, propositivo, de análise das grandes questões nacionais. Será candidato do PT a governador de São Paulo. 4) Arnaldo Madeira (PSDB-SP) ? Líder do governo na Câmara. É considerado um dos poucos parlamentares totalmente dono do cargo que ocupa. É o principal operador político do governo na Câmara. Para o Diap, é um negociador hábil. 5) Delfim Netto (PPB-SP) ? Está no quarto mandato. Foi ministros de três pastas diferentes durante o governo militar. Pela desenvoltura com que anda no Congresso, seja entre governistas ou oposicionistas, seu passado não o perturba. 6) Walter Pinheiro (PT-BA) ? Líder do PT. É considerado um dos parlamentares mais estudiosos dos temas nos quais se envolve em debates. Também é tido como negociador habilidoso, embora ainda milite nas tendências de esquerda mais radicais do PT. 7) Jefferson Peres (PDT-AM) ? Único senador entre os 10 cabeças do Congresso. Está no primeiro mandato. Tem formação jurídica capaz de lhe dar lastro para defender teses relacionadas principalmente com o rigor da ética. Foi eleito pelo PSDB, mas deixou o governo por dele discordar. 8) Miro Teixeira (PDT-RJ) ? Líder do PDT. Está no sétimo mandato. Desde que o Diap começou a fazer a pesquisa, integra o núcleo dos pensadores da Câmara e do Congresso. É ativo nos trabalhos de plenário e atuante nos bastidores. 9) Aloizio Mercadante (PT-SP) ? Economista, utiliza seu conhecimento da área para travar longos debates com os representantes do governo e com a equipe econômica. Exerceu o cargo de líder do PT e mostrou que também pode ser um hábil negociador. 10) José Dirceu (PT-SP) ? Está no segundo mandato de deputado. Foi reconduzido à presidência do PT recentemente, partido no qual exerceu todos os cargos de direção partidária. Foi um autores do requerimento da CPI que derrubou Fernando Collor.