Parentes deixam administração do PT em PE

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Por Agencia Estado
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Pressionados pela opinião pública, os familiares nomeados pelos prefeitos petistas do Recife, João Paulo, e de Caetés, José Luiz de Lima Sampaio, pediram exoneração dos cargos comissionados que vinham ocupando nas administrações municipais. A decisão foi tomada um dia depois de a executiva nacional do partido ter recomendado uma reavaliação das nomeações de parentes. João Paulo afirmou, em entrevista coletiva, que iria exonerar sua esposa, Luzia Jeanne Lima e Silva, mesmo que ela não tivesse tomado a iniciativa de pedir afastamento, "para evitar uma situação constrangedora e inconveniente para o partido no nível nacional". Ele disse que o PT agiu corretamente e considerou importante a cobrança da sociedade. O prefeito não reconheceu que a nomeação da mulher tenha caracterizado nepotismo e lembrou nunca ter empregado nenhum parente em seu gabinete nos 12 anos em que atuou como vereador e deputado estadual. Ele admitiu, entretanto, ter sido "equivocada" a forma de tentar trazer os serviços da esposa, como servidora pública federal concursada, para a administração municipal. O prefeito tornou sem efeito a nomeação da mulher como assessora técnica da Secretaria municipal de Saúde - onde ela iria receber uma gratificação de R$ 944,00, além dos seus vencimentos de R$ 1,6 mil como funcionária do Ministério da Saúde. Lotada na secretaria estadual de Saúde, onde atua nos programas federais Saúde da Família e Agentes Comunitários, Luzia Jeanne vai continuar cumprindo sua jornada de trabalho - das 7 horas às 13 horas - neste órgão, e se dedicando às atividades da LAR nos períodos da tarde e da noite, como voluntária. A primeira-dama aposenta-se daqui a três anos, por isso não quis perder o vínculo com o Ministério e disse ter pedido exoneração porque a polêmica em torno do assunto a incomodava. "Não assumo que errei, que o partido errou, nem que tenha havido nepotismo", fez questão de frisar, acrescentando que a gratificação que iria receber não era importante. Em Caetés, no agreste, distante 225 quilômetros do Recife, a primeira-dama, Maria José de Sá Sampaio, e sua filha Tereza Cristina tomaram a mesma atitude e amanhã o prefeito José Luiz de Lima Sampaio assinará portaria cancelando a nomeação da mulher como secretária de Educação e da filha como tesoureira. O salário de ambas seria de R$ 620,00. "Meu marido não quer prejudicar Lula (presidente de honra do PT, que deve disputar a eleição presidencial pela quarta vez) de jeito nenhum", disse ela. "Não custa nada voltar atrás." Ela frisou que tanto ela como a filha tinham competência e experiência profissional para os cargos, mas não resistiram à pressão. "Esse horror de publicidade negativa é muito pesada", disse Maria José, que está disposta a continuar ajudando o marido na prefeitura, mesmo sem remuneração.

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