
02 de junho de 2010 | 18h53
"Não temos dúvidas que o Estado brasileiro será condenado. A decisão vai gerar um debate interno interessante para saber se a sentença se sobrepõe ou não ao julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF)", disse a diretora no Brasil do Centro pela Justiça e o Direito Internacional, Beatriz Affonso. Ela se refere ao pedido de revisão da Lei da Anistia negado pelo STF em abril.
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil do Rio (OAB-RJ), Wadih Damous, enviará a Corte da OEA uma petição para reforçar as acusações sobre a ineficácia das medidas adotadas pelo Estado brasileiro "para garantir o direito à verdade aos familiares dos desaparecidos políticos". "A decisão da Corte se sobrepõe à do STF, pois o Brasil é signatário da OEA. Queremos a tipificação do crime de desaparecimento forçado, a abertura dos arquivos da repressão política e a interpretação correta de que a Lei da Anistia não abrange os torturadores, pois é inaceitável, no atual patamar civilizatório, que o povo sustente a aposentadoria de agentes públicos que cometeram crimes em serviço", disse o presidente da OAB-RJ.
De acordo com a ONG Tortura Nunca Mais, os corpos de 68 militantes ficaram desaparecidos após os confrontos dos guerrilheiros do Araguaia com o Exército. "Ter que ir à OEA para tratar de direitos humanos no meu País mostra como o Brasil é tacanho e atrasado, pois não é capaz de resolver um caso que ocorreu há 30 anos", disse Criméia Almeida, da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos de São Paulo.
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