Parente de Richa se entrega no Paraná

Primo do governador tucano, Luiz Abi Antoun, que estava foragido, é acusado de comandar esquema de sonegação e lavagem de dinheiro

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Por Julio Cesar Lima
Atualização:

Curitiba - Foragido desde a manhã de quarta-feira, quando foi deflagrada a segunda fase da Operação Publicano, o empresário Luiz Abi Antoun se entregou às autoridades na sede do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), em Londrina, no norte paranaense, na noite de quinta-feira, 11. 

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Parente do governador Beto Richa (PSDB), ele é acusado de comandar um esquema de sonegação de tributos estaduais e lavagem de dinheiro.

Segundo o coordenador do Gaeco – força-tarefa da polícia e do Ministério Público – em Londrina, Jorge Costa, Abi afirmou que não se apresentou antes porque estava em São Paulo e não havia conseguido retornar ao Paraná.Na quarta-feira, o advogado de Abi, Luiz Carlos Mendes, afirmou que desconhecia o mandado de prisão, assim como o paradeiro de seu cliente.

Suspeito de participar da corrupção na Receita Estadual, Abi Antoun se entrega Foto: Reprodução/RPC

Abi dormiu em uma cela da Penitenciária Estadual de Londrina I, onde estão outros 22 presos que moram na região do norte paranaense. Os suspeitos, incluindo Abi, serão ouvidos a partir de segunda-feira.

Abi já foi preso em março, na Operação Voldemort, que investiga a denúncia sobre a participação dele em fraudes em licitação do Departamento de Transporte e que teria beneficiado empresas de consertos de veículos. O governador tucano já fez a ressalva de que o empresário é um “parente distante”.

‘Eminência parda’. O auditor, contudo, é considerado pelo Ministério Público uma “eminência parda” do governo de Beto Richa e teria carta branca para influenciar na escolha de nomes para o comando da Receita Estadual, conforme depoimentos do auditor Luiz Antônio Souza, em um acordo de delação premiada feito com o Gaeco, à qual a Rede Paranaense de Comunicação, afiliada da Rede Globo no Estado, teve acesso.

Sobre a proximidade de Abi com Richa, o secretário da Fazenda, Mauro Ricardo Costa defendeu Richa. “Ninguém está livre de ter amigos corruptos, todos podemos ter amigos que se corrompem pela vida; além disso, todos esses atos foram efetuados sem a anuência do governador”, afirmou.

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Entre os presos, o amigo de Richa, Marcio de Albuquerque Lima, também é apontado como umas das figuras centrais dos desvios. 

Desvios. Segundo Souza, parte dos desvios, R$ 2 milhões de um total de R$ 4,3 milhões, teria sido repassada para a campanha de reeleição do tucano ao governo do Estado. O PSDB do Paraná nega a ocorrência de caixa 2 na campanha de 2014 .

A nova fase da operação atinge a alta cúpula da Receita Estadual. Segundo as investigações, os auditores (15 foram presos) formaram um grupo específico para apurar as denúncias e recolher propinas das empresas.

Mauro Ricardo disse que o Estado vai exigir um ressarcimento de todos os envolvidos nos desvios de recursos. 

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