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Para Wagner, já não há espaço para modelo que consagrou ACM

'Não há mais clima para uma construção de uma dinastia', diz governador

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Por Salvador
Atualização:

Para o governador da Bahia, Jaques Wagner, não existem mais condições políticas para que se repita qualquer coisa parecida com o chamado movimento carlista, expressão que ele nem gosta de usar. "Não acho que exista nenhum ambiente para a criação que qualquer liderança desse tipo", diz, referindo-se ao senador Antonio Carlos Magalhães, morto em julho. "Não há mais clima para uma construção de uma dinastia. Com a derrota de 2006, esse modelo se esgotou e agora também não há mais a presença física do artífice desse modelo." Criticado pela oposição, Wagner argumenta que assumiu o Estado com indicadores sociais complicados, apesar da riqueza baiana em recursos naturais e de sua força econômica. "Aqui, temos de lidar com essa dicotomia. Somos a sexta economia do País, com indicadores sociais de baixa qualidade. Só 32% da população tem acesso a água potável, por exemplo. Somos o Estado com a maior quantidade de benefícios do Bolsa-Família por conta da pobreza. Estamos tentando agora construir esse trampolim de retomada da inclusão social. E o desafio está na melhora da infra-estrutura e na reconstrução social do Estado", observa. Wagner aponta os pontos frágeis da economia baiana. "Aqui tem muito mármore, só que é todo beneficiado no Espírito Santo. Temos imensa produção de algodão e não temos empresas de tecelagem. Ninguém sabia onde estavam as reservas do nosso subsolo, era um esculhambação. Hoje, esse subsolo tem um dono, que é o povo da Bahia", cita Wagner. Apesar dessas críticas, o governador diz que não é dos que ficam dizendo que o grupo carlista "não fez nada". "Não vou zerar o que eles fizeram, mas, quando o grupo deles assumiu pela primeira vez, encontraram uma herança deixada pelo governador Luiz Viana Filho, que era um armário cheio de projetos. Esse era um grande planejador, e pretendo fazer uma grande celebração do centenário de seu nascimento no ano que vem. Porque eu recebi um armário vazio de projetos. Não se preparou nada para o futuro." Wagner garante também que estão sendo criados mecanismos de transparência sobre o funcionamento da máquina estadual. "A Bahia é hoje um Estado que se abre. Não é mais um Estado mandão ou intimidador. Hoje a Bahia quer ser transparente. Esse item era desprezado antes. Agora, temos um jogo de diálogo social muito forte", ressalta. DISCURSO Para os adversários do governador, contudo, essa posição se restringe ao discurso. Eles criticam sua intervenção política na indicação do novo membro para o Tribunal de Contas do Estado (TCE). Ligada politicamente ao governador, a Mesa da Assembléia da Bahia permitiu que apenas o deputado estadual petista Zilton Rocha se tornasse candidato à vaga, vetando a candidatura independente do deputado Roberto Muniz (PP). Com isso, o governo garantiria um nome alinhado dentro do tribunal, responsável, entre outras coisas, pelo julgamento das contas da administração estadual. "É uma prática inaceitável", critica ACM Neto.

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