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Para Viana, cassação de Renan atrapalha CPMF

Se não obtiver o apoio da base aliada e perder o mandato, senador poderá usar influência na bancada do PMDB para dificultar a vida do governo

Por Cida Fontes e BRASÍLIA
Atualização:

O presidente interino do Senado, Tião Viana (PT-AC), admitiu ontem que a eventual condenação do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) pelo plenário vai produzir uma "situação de risco" para o governo, com reflexos na votação da emenda que prorroga a cobrança da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). "Mas não podemos tirar de Renan o direito de lutar para viabilizar seu mandato", afirmou Viana. O senador alagoano será julgado pela acusação de ter usado laranjas para comprar duas rádios e um jornal em Alagoas em sociedade com o usineiro João Lyra - a Constituição proíbe parlamentares de controlar emissoras. Trata-se do processo mais documentado contra o senador, que já foi absolvido em plenário da acusação de ter despesas pessoais pagas por um lobista e se livrou ainda no Conselho de Ética da representação sobre suposto favorecimento à cervejaria Schincariol. Há ainda outros dois processos em andamento: o que trata de participação em suposto esquema de arrecadação de propina em ministérios comandados pelo PMDB e o de espionagem contra dois senadores de Goiás FRAGILIDADE Antes da votação no plenário, em sessão aberta marcada para quinta-feira, o pedido de cassação do mandato de Renan será submetido na véspera à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). A data foi acertada ontem entre Viana e o senador Marco Maciel (DEM-PE), que preside a CCJ. Com a derrota no Conselho de Ética, onde contou apenas com os votos de três colegas do PMDB, o senador alagoano chegará politicamente fragilizado ao plenário. Para reverter essa situação, vai cobrar apoio da base aliada do governo, sobretudo da bancada do PT - uma barganha que promete dar os votos do PMDB ao governo para aprovar a prorrogação da CPMF até 2011. O presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), concorda que o resultado do Conselho de Ética complicou a situação de Renan. Por isso mesmo, avalia que os votos dos petistas serão fundamentais para sua absolvição. "Essa vai ser a grande questão", enfatizou. Em 12 de setembro, quando se livrou do primeiro pedido de cassação, Renan teve ajuda do PT graças ao movimento de abstenção deflagrado no plenário pelo senador Aloizio Mercadante (PT-SP). "Vamos ver agora se o PT vai repetir no plenário os votos contra Renan dados no Conselho de Ética", provocou Tasso, ao lembrar que, no plenário, o voto é secreto. DISPUTA Se não obtiver o apoio da base aliada e perder o mandato, Renan poderá usar a influência que tem na bancada do PMDB para dificultar a vida do governo na votação da CPMF. Além disso, poderá estimular a disputa política pela presidência do Senado, o que também não interessa ao Planalto, justamente agora que tenta reunificar sua base para aprovar a renovação do imposto do cheque. "Espero que a base aliada tenha maturidade para tratar essas questões com bom-senso", ressaltou Viana.

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