Pará teve 219 mortes no campo nos últimos dez anos, diz procurador

Cerca de 37 homicídios não teriam sido investigados no Estado.

Por João Fellet
Atualização:

O procurador do Tribunal Regional Federal da 1º Região, José Marques Teixeira, disse nesta quarta-feira que houve no Pará, nos últimos dez anos, 219 homicídios no campo, mas apenas quatro condenações por esses crimes. Teixeira fez a declaração durante uma audiência pública sobre a violência no campo na Comissão de Direitos Humanos e Participação Legislativa do Senado. Segundo a Agência Brasil, ele afirmou na audiência que 37 dos homicídios nem sequer foram investigados. "A forma de apurar (os homicídios) só milita no sentido de que a impunidade seja sacramentada, ainda que pessoas acusadas de crimes sejam processadas", afirmou Teixeira. Para o presidente da Comissão Nacional de Combate à Violência no Campo, Gercino da Silva Filho, as principais causas para os crimes no campo são a grilagem de terras públicas, a ocupação ilegal dessas áreas e extração ilegal de madeira. Mutirões judiciais Também segundo a Agência Brasil, Gercino da Silva Filho defendeu o uso de mutirões judiciais, como os que já estão em andamento em Rondônia e Mato Grosso, para julgar os crimes e pôr fim à sensação de impunidade. Segundo a Comissão Pastoral da Terra, órgão vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a violência agrária recrudesceu no Brasil em 2010. A comissão calcula em 34 os agricultores ou ambientalistas assassinados no ano passado, um número 30% maior que em 2009. Em 2008 foram 28 assassinatos. A região Norte concentra a maior parte dos casos, com 21 ocorrências em 2010. Apenas no Pará houve 18 mortes, o dobro do registrado um ano antes. Em segundo lugar está a região Nordeste, com 12 homicídios no campo no ano passado. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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