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Para superar crise, PF e Abin acertam colaboração

Dirigentes firmam pacto para salvar investigação e punir servidores envolvidos em irregularidades

Por Vannildo Mendes e Brasília
Atualização:

Detentores de dados sigilosos, a Polícia Federal e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) realizaram ontem à tarde uma reunião para superar a crise em torno da Operação Satiagraha, que deixou os dois órgãos em pé de guerra. Realizada na sede da PF, a reunião durou uma hora e, ao final, as duas instituições firmaram um pacto para salvar a investigação e punir servidores envolvidos em irregularidades, como supostos grampos ilegais contra autoridades, sejam eles policiais ou arapongas. "Se houve conduta ilícita de policial ou agente, será apurada e punida", disse o diretor-geral da PF, delegado Luiz Fernando Corrêa, em entrevista, antes da reunião. Representando a Abin estava presente Wilson Trezza, diretor-geral em exercício da agência, além de outros diretores do órgão. As duas instituições estiveram à beira do confronto depois que a Polícia Federal realizou operação de busca e apreensão em instalações da Abin e com agentes do órgão, na qual foi capturada farta quantidade de material digital, incluindo, supostamente, informações que poderiam comprometer a segurança nacional. O ministro da Justiça, Tarso Genro, disse que telefonou ontem para o juiz Ali Mazloum para pedir que ele reveja a proibição de que agentes da Abin participem da perícia do material, juntamente com policiais federais, para evitar a revelação de dados secretos e não ligados à investigação. DELEGADO A Justiça mandou liberar ontem os bens do delegado Protógenes Queiroz, mentor da Satiagraha, que haviam sido apreendidos pela Polícia Federal. O delegado receberá de volta notebook, documentos, pendrives, HDs e sete celulares que lhe pertencem. Antes de promover a devolução, no entanto, a PF copiou todos os dados de interesse da investigação sobre o vazamento de informações da Operação Satiagraha. A apreensão ocorreu há duas semanas. A PF, munida de ordem judicial, vasculhou cinco endereços de Protógenes. Ele é o alvo maior do inquérito conduzido pelo delegado Amaro Vieira Ferreira, da Corregedoria da PF. Protógenes empregou, sem o aval de seus superiores, 84 agentes da Abin na investigação sobre o banqueiro Daniel Dantas, do grupo Opportunity. Por conta das supostas irregularidades na operação, ele poderá ser indiciado criminalmente por quebra de sigilo funcional, violação da Lei do Grampo e usurpação de função pública. A Corregedoria da PF também faz uma sindicância que poderá resultar em processo administrativo e na demissão de Protógenes. O advogado Luiz Gallo, que defende o delegado, pediu à Justiça acesso à sindicância, mas o pedido foi indeferido.

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