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Para senadores, votação não foi adulterada

Por Agencia Estado
Atualização:

A violação do painel eletrônico no dia 28 de junho, quando o ex-senador Luiz Estevão Oliveira (PMDB-DF) foi cassado em sessão secreta no Senado, não possibilitou a adulteração do resultado final da votação. Essa análise foi divulgada nesta quarta-feira pelo primeiro-secretário do Senado, Carlos Wilson (PPS-PE), e pelo presidente da comissão técnica encarregada de investigar o assunto, Dirceu Teixeira de Matosa, apesar de os técnicos da Universidade de Campinas (Unicamp) terem confirmado que o sistema é suscetível à violação e adulteração de votos. "Os votos não foram modificados com certeza, o que houve foi a alteração do sistema de tal maneira que se pôde copiar o resultado da votação secreta", afirmou Dirceu Teixeira de Matos. Para Carlos Wilson, essa avaliação impede qualquer tentativa de suspender os efeitos de cassação do mandato de Luiz Estevão. "Não há essa hipótese porque os votos não foram modificados, as alterações realizadas no sistema foram feitas apenas atender a uma curiosidade", analisou o senador. A Agência Estado teve acesso ao laudo detalhado divulgado pela Unicamp, no qual os quatro peritos confirmam que o "intuito da violação foi de manter na tabela interna do sistema a qualidade (substituindo a votação secreta por aberta) do voto de cada senador". De acordo com o documento, a tabela "teria sido editada encobrindo a qualidade dos votos, deixando-a em conformidade com os registros de uma votação secreta", ou seja, a única alteração seria a revelação do teor dos votos, segundo explicou um dos técnicos do Senado que acompanhou as investigações. Caso a polêmica lista com os nomes dos senadores e seus votos apareça, poderá solucionar um outro impasse: o que envolve a senadora Heloísa Helena (PT-AL) suspeita de ter votado contra a cassação que veio à tona depois de divulgada conversa entre o ex-presidente do Senado Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e três procuradores. Na conversa, o senador fala que ela votou a favor de Estevão, embora a petista negue. "A lista existiu tanto é que Regina Borges afirmou tê-la imprimido e entregue no gabinete do senador Arruda", disse Matos. Recomendações Em meio às denúncias, Carlos Wilson quer extinguir definitivamente com o voto secreto via painel eletrônico. Na sua opinião, os métodos ideais são o sistema de cédulas e de bolinhas coloridas (branca corresponde ao sim, preta ao não e vermelha representa abstenção). Já a comissão técnica, que analisou o assunto, sugeriu apenas o aperfeiçoamento do atual sistema sem substituí-lo por outro. Segundo os técnicos, um novo sistema poderia apresentar problemas novos e desconhecidos. O primeiro-secretário anunciou também que os funcionários do Prodasen (centro de processamento de dados do Senado) que participaram da violação poderão ser responsabilizados administrativamente, uma vez que foi aberto processo contra eles. Segundo Carlos Wilson, detalhes dos contratos com as empresas Eliseu Kopp e Panavídeo, que forneceram os programas de computador, estão sendo analisados em auditorias internas. A ex-diretora do Prodasen Regina Borges contou que a violação do painel foi ordenada pelo líder do governo no Senado, José Roberto Arruda (PSDB-DF), no dia anterior à votação, seguindo determinação do ex-presidente do Senado Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). Peritos da Unicamp concluíram que foram feitas várias tentativas de apagar as alterações no sistema e ocultar os indícios, tanto é que só obtiveram êxito dois dias depois de a votação ter ocorrido (no dia 30 de junho), quando a antiga programação foi restituída. No entanto, os técnicos conseguiram detectar falhas no sistema e descobrir a existência da violação.

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