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Para Rui Falcão, adversários de Dilma são 'neopassadistas' e 'novovelhistas'

Em discurso preparado para evento do PT, ao qual o Estado teve acesso, Rui Falcão faz críticas indiretas a Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB)

Por Ricardo Galhardo e Isadora Peron
Atualização:

São Paulo - Em discurso preparado para a festa de aniversário de 34 anos do PT, o presidente nacional do partido, Rui Falcão, faz pesados ataques aos adversários da presidente Dilma Rousseff. Sem citar nomes, o presidente do PT chama os adversários de "neopassadista" e "novovelhista". Segundo pessoas próximas a Falcão, o discurso se refere ao senador Aécio Neves (PSDB-MG) e ao governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), que devem enfrentar Dilma nas eleições de outubro. No texto de sete páginas ao qual o Estado teve acesso poucas horas antes do início do evento, marcado para 19h desta segunda-feira, Falcão diz que o "neopassadista" e o "novovelhista" são "partes do mesmo corpo". "Um de seus braços eu chamo de 'neopassadismo'. E o outro é algo tão politicamente obtuso que só um neologismo pode defini-lo. Passo a chamá-lo de 'novovelhismo'. O neopassadismo e o novovelhismo parecem farinha do mesmo saco. Assemelham-se em quase tudo".No discurso, Falcão faz referências às ligações dos adversários com oligarquias e diz que alguns dos que hoje criticam Dilma e se apresentam como novidade se beneficiaram dos governos petistas."O que chamam de 'novo' é cobrir de paetês velhas oligarquias e falsas alegorias? O algo 'novo' é ser um herdeiro que não ampliou a herança? O algo 'novo' é ser caudatário... E se dizer nascente? O 'algo novo' é, por acaso, o nepotismo?", questiona o presidente do PT.De acordo com o presidente do PT, os neopassadistas e os novosvelhistas "são especialistas em mofo", pois têm usado com frequência essa palavra. "Parecem doutor em bolor", diz, para, em seguida, afirmar que o PT gosta a cada dia mais de ser o "fermento", que faria o bolo das riquezas crescer, para depois repatir. Na semana passada Campos disse que o "velho pacto político" colocado em prática pelo PT "mofou".Helicóptero. Falcão, sempre sem citar nomes, afirma que os adversãrios, na falta de nomes novos, foram buscar "dinossauros" que tem sido seguidamente "enxotados" nas urnas. Aécio trouxe para sua equipe de campanha ex-ministros do governo Fernando Henrique Cardoso e avalizou a escolha de Pimenta da Veiga (PSDB), que estava afastado da política eleitoral, para disputar o governo de Minas Gerais.No ataque mais pesado do discurso, Falcão sugere que o "novovelhismo" fechou os olhos para as denúncias de corrupção no Metrô e na CPTM durante os governos tucanos em São Paulo e para o episódio da apreensão de cocaína no helicóptero do deputado estadual Gustavo Perrella (SDD-MG). "O algo 'novo' é fechar os olhos, e, quem sabe até, esquecer-se de tapar o nariz, para carregamentos exóticos em helicópteros?", diz o discurso.Mensalão. Seguindo a tônica do discurso de Lula no fim de semana, Falcão pretende criticar a atuação dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e dizer que a "Corte não é um partido político, nem uma torcida organizada". Sem citar nominalmente nenhum ministro, no discurso ele afirma que essas atitudes podem vir "a instaurar um novo tipo de terrorismo de Estado".A declaração foi interpretada por pessoas próximas ao presidente do PT como um recado ao presidente do STF, Joaquim Barbosa, que é objeto de especulações sobre uma possível candidatura à Presidência ainda este ano. Na semana passada, o ministro Gilmar Mendes também declarou que doações feitas para o pagamento de multas de petistas condenados e presos poderiam ser fruto de lavagem de dinheiro. Na quarta-feira o PT vai protocolar uma ação de danos morais contra o ministro."Somos obrigados, agora, a assistir ao absurdo de ver membros da mais alta Corte do país que prejulgam insultando; suspeitam caluniando; e agridem, com uma gratuidade tão espantosa que parece estarmos vivendo em outro país", planeja dizer o presidente do PT. O presidente da sigla também deverá cobrar mais "equilíbrio" do Supremo e julgamentos menos injustos, como o que considera que foi dado aos petistas condenados no mensalão.

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