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Para relator da ONU, concentração de terras no Brasil é causa da fome

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Por Agencia Estado
Atualização:

A Organização das Nações Unidas (ONU) fará nesta segunda-feira, em Nova York, um debate inédito sobre a situação da fome no mundo, e o Brasil será um dos casos a receber atenção especial. O relator especial da ONU para a fome, Jean Ziegler, está escalado para apresentar à Assembléia-Geral da ONU uma análise do tema no mundo e dedicará parte de sua exposição para mostrar como a falta de acesso à terra no Brasil é um dos fatores responsáveis pela fome. O relator destacará o Brasil entre os países com maior concentração de terra do mundo. No estudo, Ziegler observa que apesar de essa situação ter se originado ainda durante o período colonial, a existência dos latifúndios improdutivos é uma realidade que ainda não foi solucionada no Brasil. Reforma agrária Na opinião do relator, uma das medidas para combater a fome é promover a reforma agrária. Segundo ele, os gastos que governo tem ao prestar serviços às favelas são maiores que os custos de legalizar ocupações de terras e promover desapropriações. "Os custos seriam menores que os da rápida urbanização e desemprego nas cidades brasileiras", afirma Ziegler, que completará sua avaliação sobre o Brasil em março, durante a reunião da Comissão de Direitos Humanos. Apesar de reconhecer os avanços na reforma agrária durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, Ziegler ressalta que ainda há muito o que fazer no Brasil para resolver o problema e lembra que em países como o Japão e a Coréia a reforma agrária produziu queda nos índices de fome das populações. No Brasil, dados do governo indicam a existência de 22 milhões de desnutridos. Ziegler, em seu relatório, sustenta que um terço da população não se alimenta de forma suficiente por dia. Segundo ele, uma criança morre a cada sete segundos de fome no mundo.

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