Para PSDB, Lula está sem rumo e sem base parlamentar

O senador Sérgio Guerra disse que conversar com o presidente "não está na nossa agenda (PSDB). É problema do Lula e não estamos preocupados com ele"

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Por Agencia Estado
Atualização:

Os principais líderes do PSDB não querem conversar agora com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Isso não está na nossa agenda. É problema do Lula e não estamos preocupados com ele", afirmou o senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), depois de um almoço com o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), e com o líder do partido no Senado, Arthur Virgílio (AM). Na avaliação da cúpula tucana, como Lula está "sem rumo e não tem uma base parlamentar de qualidade" estaria buscando apoio junto às forças políticas "com mais consistência", no caso o PSDB. Os tucanos estão convictos de que Lula continua confuso e sem uma agenda para o segundo mandato. "Ele quer ir atrás do PSDB porque a base dele não serve", disse Sérgio Guerra. Os dirigentes do PSDB acham que a tarefa do PSDB é fiscalizar o governo, sem radicalismos. Mas, entendem que governar é responsabilidade de Lula, que terá de mostrar ao País o que pretende como reformas, a exemplo da previdenciária. Antes do almoço com os senadores, Tasso trocou telefonemas com o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, e marcou um encontro em São Paulo com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, provavelmente para quarta. O dirigente tucano defende também uma oposição "construtiva e aberta ao diálogo". No entanto, reconhece que, no momento, o PSDB precisa se reestruturar. Ele marcou, inclusive, uma reunião da Executiva Nacional para a próxima semana. Evidentemente que a discussão sobre o papel do partido no segundo governo de Lula será feita. Na conversa que teve no sábado com Lula, Arthur Virgílio constatou que o presidente ainda não tem propostas para discutir com a oposição. Ele pegou carona no avião presidencial, de Três Lagoas (MS) até Brasília, depois do velório do senador Ramez Tebet. O líder fez um relato do encontro a Tasso e Sergio Guerra, na tentativa também de minimizar o mal-estar que o episódio produziu na bancada. Não por ter aceito o convite da carona, mas pelo fato de ter sido usado por Lula para mandar um recado a Tasso e ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Tasso Jereissati reafirmou que aceitaria ser recebido em audiência por Lula no Planalto para discutir uma agenda nacional, desde que autorizado pelo partido. "Pessoalmente falo com todo mundo, mas com o presidente da República só como presidente do partido", ressaltou. No momento, segundo Tasso, essa conversa seria desnecessária, pois o partido tem outras prioridades. "Não houve nenhum convite. Conversar é uma coisa, daí algum tipo de adesismo ou cooptação é outra coisa e não aceitaremos", disse. Segundo aliados de Lula, a conversa com o PSDB só acontecerá depois da definição do foco do novo governo. "Caso contrário, seria genérica", disse um interlocutor do presidente. Pela estratégia, antes do diálogo com a oposição, Lula precisaria organizar sua base parlamentar e conversar internamente com seus aliados, já que nem se acertou com o PMDB, candidato a principal parceiro no Congresso. "A base de Lula produziu uma grande crise política nestes últimos quatro anos e esta base agora está ainda pior", avaliou o senador Sérgio Guerra. "Se o presidente quer fazer alguma coisa é natural que procure outros setores como o PSDB". Segundo ele, as reformas só não avançaram no Congresso no primeiro mandato de Lula porque o governo não quis. "O problema é de Lula e de seus aliados", disse.

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