Para presidente da CUT, pacote de cortes orçamentários do governo é 'lamentável' e 'recessivo'

Embora reitere apoio ao mandato de Dilma, Vagner Freitas diz que medidas 'imputam a culpa da crise aos trabalhadores'

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Por Ricardo Galhardo
Atualização:

SÃO PAULO - O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, classificou como “lamentável” o pacote de medidas de ajuste fiscal anunciado ontem pelo governo.

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“Lamentável. É um pacote recessivo. Que imputa a culpa da crise aos trabalhadores. Vai exatamente ao contrário das propostas que a CUT tem apresentado. Este pacote dialoga com a política do Levy que é de corte e não de investimento, de corte nos direitos dos trabalhadores servidores públicos federais”, disse o sindicalista na manhã desta terça-feira, 15.

Freitas criticou o teor das medidas que, segundo ele, atendem mais ao mercado financeiro do que à classe trabalhadora, e também a forma como a presidente Dilma Rousseff decidiu os cortes, mais uma vez sem ouvir a CUT. 

“Acima de tudo mais uma vez o que nos espanta é a falta de diálogo com a sociedade. Um fórum foi criado pelo governo para discutir salários e vai ser instaurado daqui alguns dias mas antes de instaurar o governo governa por pacote sem dialogar com a sociedade. A CUT vê com maus olhos, entende que isso é enfatizar a crise”, afirmou.  Segundo ele, com o pacote “o governo sinaliza para setores que não o apoiam”. O sindicalista, no entanto, negou que a contrariedade em relação às medidas econômicas afastem a CUT das manifestações em defesa do mandato de Dilma e contra as ameaças de impeachment.

Vagner Freitas, presidente da CUT Foto: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO-19/7/2012

“O mandato da presidente é legítimo, democrático e tem que acabar em 2018 para que o Brasil não tenha soluções ainda piores do que essas. O golpe nós não vamos tolerar. Do mesmo jeito que a CUT é incisiva na crítica ao pacote e à política econômica ela é mais incisiva ainda na defesa da democracia”, disse ele.

Outros sindicalistas que participaram hoje de manhã de um ato pela campanha salarial unificada na porta da Federação das Indústrias de São paulo (Fiesp) fizeram coro ao descontentamento do presidente da CUT.

“É sempre ruim complicar o relacionamento. Ela (Dilma) quis dar um sinal para um setor que não votou nela”, disse o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques.  A presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Juvandia Moreira, criticou o fato de a proposta de recriação da CPMF, parte do pacote, não conter faixas diferenciadas para isentar o trabalhador. “Defendemos a CPMF para a saúde com isenção para o trabalhador”, disse ela.

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Já o presidente da CUT-SP, Douglas Izzo, disse que Dilma está governando no sentido contrário às promessas feitas durante a campanha eleitoral. “O que foi apresentado à sociedade brasileira não é aquilo que está sendo implementado”, afirmou.

Todos, porém, disseram manter o apoio à continuidade do mandato de Dilma e rejeitar as propostas de impeachment da presidente, as quais consideram uma tentativa de “golpe”.

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