Para PF, agenda de Braz pode incriminar Opportunity

Por AE
Atualização:

A agenda de compromissos do ex-presidente da Brasil Telecom Humberto Braz, condenado com o sócio-fundador do Grupo Opportunity, Daniel Dantas, por corrupção, é considerada pela Polícia Federal o elo entre o grupo e mais um suposto caso de tentativa de suborno, que teria sido proposto a Sérgio Antonio de Carvalho, marido da juíza Márcia Cunha, da 2ª Vara Empresarial do Rio. A agenda foi apreendida pela Operação Satiagraha e revela 245 compromissos de Braz, no período entre 11 de junho de 2003 a 20 de outubro de 2004. O documento, de seis páginas, indica que Braz recebeu 16 vezes Eduardo Rascovzky, que ofereceu, de acordo com a magistrada, ?uma proposta financeira extremamente vantajosa? a seu marido em nome do grupo de Dantas. Ele queria que Carvalho advogasse para o Opportunity por um ?dinheiro para ficar rico?. A razão da proposta, segundo Márcia, era reverter dois processos em favor do Opportunity. Uma ação conferia ao grupo de Dantas o direito na gestão de companhias como a Brasil Telecom, da qual Braz fora presidente. Na semana passada, a defesa de Dantas alegou desconhecer Braz. O primeiro encontro entre Braz e Rascovzky teria ocorrido no dia 6 de fevereiro de 2004, com a presença de Maria Amália Delfim de Melo Coutrim, funcionária do Opportunity. O último teria sido realizado no dia 20 de outubro do mesmo ano. Segundo Márcia, a tentativa de suborno ocorreu meses depois, entre março e abril de 2005. A juíza afirmou ao delegado Ricardo Saadi, que conduz o inquérito Satiagraha, que seu marido não aceitou a oferta de Rascovzky. Márcia enfrentou representações no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e no Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio. Em ambos os casos, foi absolvida. Seu advogado, Cláudio Costa, afirma que ela foi alvo de uma ?campanha sórdida?. O Opportunity não comentou a relação entre Braz e Rascovzky, mas relatou, em carta, que argüiu suspeição sobre as decisões da juíza porque a liminar que suspendia os direitos do grupo na gestão da BrT foi dada ?com extraordinária rapidez?, em decisão de 38 páginas que não condizia com a escrita da magistrada. Rascovzky não foi encontrado pela reportagem. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.