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Para oposição, governo quer apenas ''''se precaver''''

Por Rosa Costa
Atualização:

Mais sintoma de agravamento da crise econômica dos Estados Unidos do que de intenção real de inaugurar uma fase de bom relacionamento com o Congresso. Foi essa a avaliação da oposição ao anúncio feito ontem pelo presidente Lula de que quer mudar a relação política do governo com os parlamentares. Lula, para os senadores Álvaro Dias (PSDB-PR) e Heráclito Fortes (DEM-PI), deixou claro que quer se precaver diante do agravamento da crise dos EUA e da eventual necessidade de aprovar medidas urgentes no Congresso para manter a situação no País estável. "No tempo da calmaria, o governo se acostumou a instalar um balcão de negócios no Congresso e agora, com a tempestade à vista, quer se precaver, reabilitando a habilidade política", criticou Dias. Heráclito acha que na reunião de ontem com os ministros Lula perdeu a chance de ditar diretrizes para o País "e aproveitou para fazer ao Congresso afagos típicos dos momentos de dificuldade". Ele prevê que a reação do presidente é temporária. "Não é uma relação sincera, é episódica. Após ser atendido, ele chuta o pau da barraca em relação ao Congresso." Dias afirmou que as declarações de Lula devem ser vistas com cautela. "Do jeito que está desarticulado, não bastam a competência e a articulação, se os compromissos não forem honrados", argumentou. Na sua avaliação, a dificuldade maior de Lula com o Congresso reside nos procedimentos dos "tempos da bonança" econômica. "Era o balcão instalado a cada votação importante. Ele obteve sucesso na Câmara, mas ficou provado, com a derrubada da CPMF, que o esquema não funcionou no Senado", disse. "Não houve habilidade num céu de brigadeiro e, agora, na turbulência, querem reabilitar a habilidade política", reiterou.

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