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Para oposição, Congresso se omitiu de investigar corrupção

Por Agencia Estado
Atualização:

O cumprimento da agenda deliberativa do Congresso em um ano politicamente tumultuado é considerado por líderes do governo e da oposição uma demonstração de maturidade do Congresso. "O Congresso soube separar as coisas e tudo de importante foi votado", afirmou o líder do Bloco da Oposição no Senado, José Eduardo Dutra (PT-SE), ressalvando que a produtividade do Legislativo não deve ser mensurada pela quantidade de projetos votados. Ele considerou, no entanto, que o Legislativo ficou devendo à sociedade o cumprimento do papel de fiscalizar o Executivo. "O Congresso se omitiu de investigar as denúncias graves de corrupção, pois não se falou mais em CPI." O vice-líder do governo no Senado, Romero Jucá (PSDB-RR), discorda. Ele afirma que o Congresso teve todos os instrumentos para fazer as investigações necessárias, inclusive a instalação de CPIs na Câmara e no Senado. "O governo foi fiscalizado, aquela CPI só não foi instalada porque pautaria uma discussão pré-eleitoral e nós não entramos nesse jogo", justificou Jucá, considerando que o Congresso passou no teste de maturidade, conduzindo bem o processo das investigações sobre os senadores Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), José Roberto Arruda (PSDB-DF) e Jader Barbalho. Para o líder do governo na Câmara, Arnaldo Madeira (PSDB-SP), o processo de debates no Congresso ganhou um novo tom este ano. "A oposição tem ajudado, está havendo um diálogo mais maduro, construtivo", observou Madeira, supondo que essa mudança decorre da perspectiva que a oposição tem de chegar ao poder em 2002. O líder do PT na Câmara, Walter Pinheiro (BA), reconhece o avanço no diálogo entre governo e oposição, mas reclama que as matérias não estão sendo debatidas suficientemente antes serem votadas. Ele cita o exemplo do projeto que flexibiliza a legislação trabalhista, que foi motivo de confronto na semana passada. "O governo quer votar logo esse projeto, sem discussão, porque ainda não caiu a ficha na sociedade", supõe o líder petista. Pinheiro queixa-se também da predominância da pauta do Executivo sobre a do Legislativo. "Tudo que o governo pauta, consegue, quando não dá para ganhar, tira o quórum e não se expõe", reclamou Pinheiro, considerando que o trunfo do governo para manter a fidelidade de seus aliados é a liberação de emendas e a pressão dos financiadores de campanha. "O governo tem bala na agulha e a hora que quiser passa o trator."

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