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Para neto, Covas faria coro a Jarbas contra corrupção

Por CAROLINA FREITAS
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Reunidos numa missa no Mosteiro de São Bento, no centro de São Paulo, seguidores Mário Covas renderam-lhe hoje uma homenagem, dia em que a morte do do ex-governador paulista completou oito anos. Após a solenidade, o neto de Covas, o deputado federal Bruno Covas (PSDB-SP), disse acreditar que o avô faria coro ao senador Jarbas Vasconcelos (PMDB), que denunciou rotinas de corrupção no PMDB, no governo federal e no Congresso. Em represália a Jarbas, o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), acusado de pagar pensão por meio de um lobista para uma filha fora do casamento, destituiu o senador da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). "Ele (Mário Covas) estaria a toda lá em Brasília, obviamente do lado de Jarbas." Um dos mais dedicados pupilos do ex-governador, o secretário de Estado do Desenvolvimento e também ex-governador paulista, Geraldo Alckmin, afirmou que Covas condenaria os últimos acontecimentos políticos no Congresso. "Os princípios de ética e honra de Covas são um legado necessário e atual, que fazem falta na política brasileira hoje", disse. "Covas dizia que um homem público deveria ter caráter e apreço pela democracia. Mas uma coisa é democracia, a outra é esse troca-troca (de favores)." Para o deputado federal José Aníbal (SP), líder do PSDB na Câmara, a política nacional passa por um processo de "rebaixamento". "Se Covas estivesse lá hoje, isso não estaria acontecendo", disse. "Em Brasília, quando Covas falava, os outros silenciavam." Cerca de 130 pessoas assistiram à missa, celebrada por dois padres da zona leste da capital paulista, Antônio Marchioni, o Ticão, e Rosalvino Moran Vinãyo. Bruno Covas e a prefeita em exercício Alda Marco Antonio (PMDB) leram passagens da Bíblia no altar. "O ímpio, que observa a justiça, preserva a própria vida", dizia o texto pronunciado por Bruno. O trecho do Evangelho de São Mateus citado na missa fazia referência à importância da reconciliação entre adversários. Padre Rosalvino, que esteve ao lado do leito de morte de Covas, fez um sermão sobre a atuação do amigo junto à população carente. "Emprestamos a ele uma camisa limpa depois de um evento ao ar livre em um dia de chuva, pois ele estava encharcado. Alguns dias depois, como agradecimento, ele mandou doar a minha comunidade oito ternos seus", contou Rosalvino. "Covas nos convoca a dizer que tudo tem jeito. São memórias que jamais tirarei da minha mente, meu coração e meu trabalho." Emocionado, Alckmin tirou os óculos e enxugou os olhos com um lenço. Ausências Foram sentidas as ausências de caciques tucanos - como o governador paulista José Serra e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O padre fez menção à ausência de Serra e ponderou, "com certeza, ele gostaria de estar aqui". A missa começou às 11 horas e Serra tinha compromisso oficial às 13h30 no interior do Estado. Padre Rosalvino encerrou a missa com um grito de "Viva Mário Covas", repetido com vigor pelos seguidores do tucano.

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