Para Jefferson Péres, senadores merecem punição

Por Agencia Estado
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Franzino e reservado, o senador Jefferson Péres (PDT-AM) chama atenção pela força e seriedade que defende seus pontos de vista acrescidos de crítica e humor. Titular do Conselho de Ética, ele é implacável ao avaliar o caso que envolve seus colegas Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e José Roberto Arruda (PSDB-DF): "Eles quebraram o decoro e merecem punição". Para ele, o Senado não pode ser "tolerante" pois se isso ocorrer, haverá a "desmoralização" da Casa. Na sua opinião, se ACM e Arruda forem cassados, será inevitável instaurar um processo de investigação para apurar as denúncias que cercam o presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA). Mantendo o estilo irônico que o caracteriza, Péres não resistiu, depois de ouvir as explicações de ACM e Arruda, e comentou: "Isso parece um samba do crioulo doido, acho que o único vilão dessa história deve ser a ex-diretora do Prodasen Regina Borges que poderia ser enviada para uma penitenciária ou uma clínica psiquiátrica", disse ele, referindo-se às revelações que levantaram as suspeitas de que a violação do painel foi feita a mando dos dois senadores. A seguir os principais trechos da entrevista. Agência Estado - O Senado de hoje é pior do que o de ontem? Senador Jefferson Péres - É difícil saber exatamente a diferença de cenário, o que é claro que as situações hoje vêm à tona e não há disfarces, talvez a Casa esteja menos corporativista. O escândalo do painel provocou um interesse surpreendente da população de modo que se o Senado for tolerante corre riscos de se desmoralizar. Já se a decisão for oposta, ganhará o crédito da população tão desconfiada. AE - Os senadores Antonio Carlos e Arruda se queixam que o Conselho de Ética está fazendo pré-julgamentos, isso é real? Péres - Eles dois estão condenados pela opinião pública que tem a clara certeza de que são culpados. O conselho deverá julgar se quebraram ou não o decoro, o que para mim ocorreu, merecendo a devida punição. Os dois senadores insistem em atribuir a responsabilidade à doutora Regina, demonstrando o quanto subestimam a inteligência de todos, talvez confundindo esperteza com safadeza, sem querer fazer rima. AE - Depois de analisado o caso ACM e Arruda, será a vez de levar adiante as denúncias envolvendo o presidente do Senado, Jader Barbalho? Péres - São situações diferentes pois envolvem temas diferentes, um diz respeito à suspeita de quebra de decoro e o outro trata de denúncias de desvios de verbas. De qualquer maneira dou ao senador Jader a presunção de inocência, porém é inquestionável que há um desconforto no Senado em manter um presidente que toda semana tem de explicar-se sobre acusações diversas. Alguma coisa precisa ser feita.

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