Para Itamar, Abin está por trás de invasão

Por Agencia Estado
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O governador de Minas, Itamar Franco (PMDB), disse hoje suspeitar que integrantes da Agência Brasileira de Informações (Abin), órgão ligado à Presidência da República, possam ter instigado a invasão dos sem terra na fazenda do embaixador Paulo Tarso Flecha de Lima, em Uruana, Noroeste do Estado. Em nota divulgada à tarde, o governador mineiro lembrou que já teria sido alvo, recentemente, de investigações sigilosas da Abin, supostamente a mando de Fernando Henrique Cardoso. "Sob minha responsabilidade, mandei verificar se está havendo interferência da agência do governo federal na área, instigando as invasões", afirmou, na nota. "Porque uma agência que já fiscalizou a vida pessoal do governador do Estado é capaz de tudo", acrescentou. Itamar ressaltou que já havia solicitado ao deputado federal mineiro Hélio Costa (PMDB) que "indagasse o governo federal o porquê" de ele - "além de cidadão, um ex-presidente da República"- estar sendo "espionado". Itamar também referiu-se ao fato de a fazenda de familiares de Fernando Henrique Cardoso, em Buritis, próximo a Uruana, ter sido protegida por tropas federais, e não pela Polícia Militar mineira, quando foi ameaçada de invasão por integrantes do MST. Na ocasião, o governador mostrou-se indignado com o que chamou de transformação de uma propriedade particular do presidente em "símbolo nacional". "A minha fazenda podem invadir, que não vou considerá-la símbolo nacional", afirmou. Na nota, o governador não quis comentar a situação em Uruana, considerada "grave, mas sob controle" por seus assessores. Garantiu apenas que a PM foi orientada a dialogar com os sem terra "até a exaustão para evitar conflitos". O governador disse ainda que esperaria relatório do chefe do gabinete militar do governo estadual, coronel Rúbio Paulino Coelho, e do presidente do Instituto da Terra (Iter) de Minas, Marcelo Resende, enviados ontem à área da fazenda do embaixador, para se pronunciar.

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