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Pará investiga terras de Dantas

Suspeita é que áreas não podiam ser vendidas; banqueiro pode perder tudo

Por Carlos Mendes e BELÉM
Atualização:

O Instituto de Terras do Pará (Iterpa), por ordem da governadora Ana Júlia Carepa (PT), começou a fazer um levantamento para identificar o real montante de terras adquiridas no sul do Estado pela Agropecuária Santa Bárbara Xinguara, do grupo do banqueiro Daniel Dantas, que hoje seria dono de 15 fazendas na região (510 mil hectares), além de 450 mil cabeças de gado. Dantas poderá perder tudo o que comprou se ficar comprovado que as terras eram públicas e não poderiam ser vendidas por quem nem sequer teria título definitivo de posse. O pecuarista Benedito Mutran Filho, que vendeu por R$ 85 milhões a Fazenda Cedro, de 9 mil hectares, para a Santa Bárbara, será chamado ao Iterpa para explicar por que fez negócio com o banqueiro se não era proprietário do imóvel e tinha do Estado apenas a permissão para explorá-lo em regime de comodato. Mutran Filho não foi encontrado ontem em Belém para explicar a transação. Além da Fazenda Cedro, a Agropecuária Santa Bárbara comprou por R$ 144 milhões a Fazenda São Roque e outra propriedade do pecuarista conhecido por Mazinho, em Redenção. O madeireiro Antonio Lucena Barros, o Maranhense, também vendeu suas terras por R$ 210 milhões para o banqueiro. Mais oito fazendas na mesma região custaram R$ 100 milhões à Santa Bárbara. As terras da Santa Bárbara são administradas, segundo a Polícia Federal, por Carlos Rodenburg e por Verônica Dantas, irmã do banqueiro. Em abril, a empresa recebeu notificação da Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Pará pedindo esclarecimento sobre "a situação ambiental" de suas terras. Tratava-se de problemas relacionados à cobertura ambiental. A PF detectou no dia 7 de abril um telefonema do advogado e ex-deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh para Rodenburg. O petista pedia cópia da notificação "a fim de intermediar junto ao governo do Pará". Em 31 de maio, Greenhalgh e Rodenburg almoçaram com a governadora Ana Júlia. Dias depois, Rodenburg passou um e-mail à governadora. "Ratifico a nossa conversa onde tive a oportunidade de mostrar a presença atual da Santa Bárbara, bem como intenções futuras em iniciativas de interesse social da comunidade e de relevância para a economia do Estado do Pará. Fico à sua disposição para cumprir os acordos com as comunidades dos assentados", escreveu Rodenburg. Greenhalgh negou o lobby. "Trocamos e-mails com a minuta da resposta, elaborada por advogado da agropecuária e enviada dentro dos prazos à secretaria", disse, sobre a notificação. COLABOROU MARCELO GODOY

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