PUBLICIDADE

Para governo, Davi Alcolumbre é ‘cumpridor de missões’

Novo presidente do Senado é visto por colegas como disciplinado; trabalhou no balcão do comércio de autopeças do pai e não completou o curso de Ciências Econômicas

PUBLICIDADE

Por Renan Truffi e Ligia Formenti
Atualização:

BRASÍLIA - O novo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), é classificado pelo Palácio do Planalto como um homem que cumpre missões. O governo avalia que, após a disputa tensa e acirrada no Senado para desbancar Renan Calheiros (MDB-AL), poderá contar com Alcolumbre no apoio à tramitação de seus projetos na Casa.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre Foto: Dida Sampaio/Estadão

PUBLICIDADE

Lançado ao comando do Congresso como alternativa à “velha política”, um discurso que incendeia as redes sociais, o senador foi avalizado pelo ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, que decidiu enfrentar até mesmo críticas de correligionários do DEM para interferir na disputa.

A cúpula do DEM não ajudou Alcolumbre porque avaliava que sua candidatura poderia prejudicar a reeleição do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), do mesmo partido, o que acabou não ocorrendo.

Alcolumbre quer agora que a senadora Simone Tebet (MDB-MS) comande a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), considerada estratégica porque é por lá que passam todas as propostas. Simone desafiou Renan, lançou candidatura avulsa, mas desistiu para apoiar Alcolumbre. 

Integrante do chamado “baixo clero”, o novo presidente do Senado é visto pela maioria de seus pares como um hábil articulador, um político que “aprende rápido”, embora não tenha a experiência dos mais tarimbados. Após a vitória na eleição, por exemplo, disse que tentará pacificar as relações no Senado e telefonará nos próximos dias até para Renan. “Minha bandeira vai ser o diálogo. Meus colegas vão ter de fazer dessa Casa o que o Brasil esperar”, afirmou ele.

O senador iniciou sua campanha sem alarde, em novembro, e identificou um cansaço com a longa permanência do MDB na presidência do Senado. Pegou carona na onda de renovação após a eleição do presidente Jair Bolsonaro e decidiu ser o anti-Renan. A estratégia deu certo.

Até aliados de Alcolumbre dizem que seu ponto fraco é a falta de interlocução com o Supremo Tribunal Federal. Até agora, o presidente do Senado também nunca tratou de temas nacionais.

Publicidade

Aos 41 anos, Alcolumbre disputou o governo do Amapá em 2018 com uma ampla aliança, que incluiu até a Rede e o PSDB, mas perdeu para Waldez Góes (PDT). No primeiro mandato como senador, ele já foi deputado federal e vereador. Embora tenha crescido politicamente sob a sombra do ex-presidente José Sarney, enfrentou o clã de seu padrinho ao conquistar a vaga no Senado, em 2014.

De família judaica, Alcolumbre trabalhou no balcão da loja de autopeças do pai e tem formação incompleta em Ciências Econômicas. Cresceu vendendo peças para carros. Seu irmão Josiel é sócio de uma retransmissora da TV Bandeirantes em Macapá (AP). Um dos tios tem a retransmissora do SBT.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.