O reajuste do salário mínimo para R$ 300 a partir de maio do próximo ano desagradou a Força Sindical, segunda maior central de trabalhadores do País que, em conjunto com outras centrais, pleiteava um aumento para R$ 320. "Chegamos a solicitar ao presidente Lula, como última alternativa, que o mínimo de R$ 300 vigorasse a partir de janeiro, mas a equipe econômica vetou", relatou à Agência Estado o presidente da Força, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho. Já a correção de 10% da tabela do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) foi qualificada como "razoável" pelo presidente da Força. "O reajuste ficou acima da inflação e o presidente Lula se comprometeu, informalmente, a estudar novos reajustes no próximo ano", disse, ao lembrar que as centrais defendiam uma correção de 17%, inflação acumulada nos dois primeiros anos de gestão petista. Paulinho e outros sindicalistas estiveram reunidos hoje em Brasília com o presidente da República e outros ministros para discutir o mínimo. "O governo Lula é bom de conversa mas ruim de serviço. O reajuste acertado é muito pequeno perto das necessidades dos brasileiros e, principalmente, de um governo que se diz representante dos trabalhadores", acusou. O sindicalista lembrou que, ao ingressar no terceiro ano de mandato, a administração Lula acumula aumentos reais ao mínimo inferiores a 15%. "O presidente prometeu dobrar o poder de compra do mínimo durante seu mandato. Como vai fazer isso se, em três anos, o aumento real atingiu 15%?", indagou. O debate sobre o mínimo pelas centrais sindicais não termina hoje, garantiu o presidente da Força. "Pressionaremos o Congresso para aumentar um pouco mais esse mínimo durante as discussões sobre o Orçamento. É difícil mudar, sabemos, mas os parlamentares têm de levar em conta que vão enfrentar uma eleição em 2006", argumentou, em tom de ameaça.