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Para Olavo, fascismo era viés do socialismo e Beatles tinham ideais satanistas; veja polêmicas

Olavo de Carvalho defendia que a esquerda coordenava uma conspiração para implementar 'marxismo cultural', 'gayzismo' e 'abortismo'

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Foto do author Davi Medeiros
Por Davi Medeiros
Atualização:

O escritor Olavo de Carvalho, uma das principais referências ideológicas do neoconservadorismo brasileiro, protagonizou uma série de episódios polêmicos nos anos em que desfrutou de projeção na internet, sobretudo a partir da campanha eleitoral do presidente Jair Bolsonaro, em 2018. Em suas publicações, o autoproclamado ‘filósofo’, morto nesta segunda-feira aos 74 anos, tentava dar ares intelectuais a teorias da conspiração, proferia xingamentos e palavrões e fazia críticas ferrenhas ao que chamava “marxismo cultural”.

Partiram de Olavo diversas ideias que foram posteriormente encabeçadas pelo bolsonarismo, como a alegação de que o fascismo seria uma “variante do socialismo” e a preocupação com o ensino da “ideologia de gênero” nas escolas. O ideólogo criticava frequentemente o “gayzismo” e o “abortismo”, pautas que, segundo ele, fariam parte de uma revolução coordenada por esquerdistas.

Olavo de Carvalho tinha a admiração do presidente Bolsonaro e de seus filhos. Foto: REPRODUÇÃO

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Condenava, também, o que classificava como um “aparelhamento cultural” promovido pela esquerda marxista, que ele acreditava liderar uma conspiração mundial para destruir valores cívicos, como a “moral sexual”.

Em outubro de 2018, às vésperas do segundo turno da eleição presidencial, Olavo foi às redes acusar o então candidato Fernando Haddad (PT) de promover o incesto em um livro publicado em 1998. 

Segundo o “guru” bolsonarista, o postulante do Partido dos Trabalhadores teria defendido que o “tabu do incesto” deveria ser derrubado para a implementação do socialismo. “O homem quer que os meninos comam suas mães”, escreveu Olavo na publicação, que depois foi apagada. O Estadão Verifica publicou uma checagem da afirmação, que é falsa.

Olavo morava em Virgínia, nos Estados Unidos, desde 2005. Lá, era um opositor ferrenho ao ex-presidente americano Barack Obama. Em publicação de 2016, o escritor classificou o então mandatário como “um agente russo plantado” na política estadunidense, “comprometido com a causa esquerdista internacional”. Olavo descrevia Obama como “psicopata e falsário”, e chegou a compartilhar um documento falso que atribuía ao ex-presidente nacionalidade queniana, o que tornaria ilegal seu mandato nos Estados Unidos.

Em 2019, o “guru” do clã Bolsonaro ganhou nova atenção nas redes por flertar com o terraplanismo, teoria da conspiração que defende que o planeta Terra, em vez de esférico, é plano. Olavo publicou em seu perfil no Twitter que não havia encontrado nada que refutasse a ideia. “Não estudei o assunto da terra plana. Só assisti a uns vídeos de experimentos que mostram a planicidade das superfícies aquáticas, e não consegui encontrar, até agora, nada que os refute”, escreveu.

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Outra polêmica protagonizada pelo escritor foi quando ele disse que as músicas dos Beatles, na verdade, foram compostas não pela dupla Lennon-McCartney, mas pelo acadêmico alemão Theodor Adorno, expoente da Escola de Frankfurt. Ele também acusou a banda de promover ideais satanistas e celebrar o consumo de drogas ilícitas.

Mais de uma vez, as declarações do escritor tiveram consequências tratadas na Justiça. Em 2021, Olavo foi condenado a indenizar o cantor Caetano Veloso em R$ 2,9 milhões após chamá-lo de pedófilo. Na ocasião, ele alegou não ter condições de realizar o pagamento e motivou uma “vaquinha” liderada pelo empresário bolsonarista Luciano Hang, das Lojas Havan.

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