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Pará é o Estado com maior violência no campo, diz CPT

Por Agencia Estado
Atualização:

A Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgou hoje, em Belém, relatório parcial sobre violência no campo em todo o Brasil. O resultado aponta o Pará como campeão de assassinatos na luta pela posse da terra e também no número de pessoas vítimas de trabalho escravo em fazendas. "O Estado do Pará atingiu um limite insuportável de violência", afirma o presidente da CPT, bispo Tomás Balduíno. Os dados finais sobre a violência no campo serão divulgados em dezembro. Depois do Pará, o relatório aponta São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso, Paraíba e Alagoas como os Estados onde há maior número de registros de crimes na área rural. D. Tomás Balduíno acusa o governo do Pará e a polícia de omissão por não restabelecer a paz no campo. "A polícia age como se fosse cúmplice de fazendeiros e pistoleiros nos assassinatos", acusa. Segundo ele, as mortes no Pará são anunciadas e não adianta registrar as denúncias de ameaças de morte porque as autoridades não tomam conhecimento. Até setembro, 23 assassinatos em conflitos agrários ocorreram no País, sendo nove deles no Pará. Os marcados para morrer no Estado somam 22 nomes que figuram numa lista divulgada por entidades de direitos humanos. "A violência está presente também nos despejos, nas prisões arbitrárias, nos espancamentos, tortura, destruição de casas, plantações e pertences", afirma o bispo. Em relação ao trabalho escravo, os números da CPT revelam um crescimento considerável. Em 2000, foram 465 as vítimas da escravidão no Brasil, mas em 2001 o número subiu para 1.812, sendo 995 somente no sul e sudeste paraense. "As razões para isso são a impunidade e o descaso do governo", denuncia. O Grupo Móvel, formado por fiscais do Ministério do Trabalho e por agentes da Polícia Federal, vinha realizando um "bom trabalho", de acordo com o líder da CPT, mas sofreu redução de recursos materiais e humanos. Ele garante que o número registrado das vítimas da escravidão é apenas a ponta do iceberg. De acordo com o Ministério do Trabalho, para cada vítima resgatada existem pelo menos três que permanecem em regime de escravidão nas fazendas do sul do Pará. Criticando a falta de uma reforma agrária verdadeira, segundo ele trocada pela "reforma agrária de mercado", além da criminalização dos movimentos sociais de luta pela terra, por parte do governo, o bispo da CPT afirma que nisso tudo está a raiz do aumento da violência. O secretário de Defesa Social do Pará, Paulo Sette Câmara, rebateu as afirmações, enfatizando que a polícia está investigando os assassinatos e abrindo inquéritos em todos os casos, inclusive com a prisão dos acusados. Ele disse que o governo paraense está fazendo tudo o que está ao alcance para combater a violência.

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