Atualizada em 28/01, às 17h01
A nova fase da Operação Lava Jato, a Triplo X, levou preocupação ao PT e ao Planalto. Segundo dirigentes petistas e auxiliares da presidente Dilma Rousseff, se havia alguma dúvida de que o ex-presidente Lula estava na mira da Lava Jato, agora não há mais. No Planalto, o próprio nome da operação – interpretado como referência ao tríplex no Guarujá ligado à família de Lula – é uma “afronta” e um recado direto ao ex-presidente. Em Brasília a avaliação é de que o avanço da Lava Jato sobre o petista pode trazer prejuízos que vão além do círculo próximo do ex-presidente, já que “Lula é o símbolo do projeto” do qual Dilma faz parte.
Dirigentes do PT também disseram que a nova fase da Lava Jato deixa claro que o ex-presidente é o alvo das investigações. Segundo esses dirigentes, as declarações de procuradores e outros responsáveis pelas investigações de que Lula não é investigado não passam de jogo de cena para disfarçar a “caçada” ao ex-presidente. Eles exemplificam a tese lembrando que, além da Lava Jato, investigações da Operação Zelotes e do Ministério Público Estadual de São Paulo também têm resvalado no petista. Para um dirigente nacional da legenda, Lula está sendo “perseguido de tudo quento é lado, uma hora é o filho, outra hora a mulher, na outra a empresa de palestras (Lils) ou o Instituto (Lula)”.
Para integrantes do instituto, o assunto do apartamento no Guarujá já foi explicado em diversas notas ao longo dos últimos meses. Nelas, o ex-presidente diz que abriu mão da possibilidade de adquirir o apartamento e preferiu receber um ressarcimento pelas prestações pagas.
No fim da tarde, o ex-presidente recebeu uma série de visitas. De manhã, Lula participou de uma reunião com dirigentes petistas, sindicalistas e o ex-ministro da Previdência Carlos Gabas para discutir política econômica e a reforma da Previdência proposta pelo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa.
Depois, Lula recebeu o indiano Kailash Satyarthi, vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 2014. Ele foi convidar o petista para participar de um conselho formado por líderes mundiais para garantir direitos das crianças e a erradicação do trabalho infantil. Nessas reuniões Lula fez questão de se mostrar tranquilo e não tocou no assunto Lava Jato.