PUBLICIDADE

Para Dirceu, bancos precisam sair da tesouraria e investir

Por Agencia Estado
Atualização:

O ministro da Casa Civil, José Dirceu, voltou a cobrar do sistema financeiro a redução dos juros de mercado. Ao discursar no seminário do PP, ele fez várias referências ao tema e prometeu que o governo Lula vai reorganizar o sistema brasileiro de concorrência do sistema financeiro, sem detalhar a proposta. "O sistema bancário tem de dar crédito compatível com a economia brasileira porque, senão, é uma falácia, uma hipocrisia", afirmou questionando os spreads atuais. Ele questionou se o sistema bancário está se preparando para a redução dos juros e para oferecer crédito aos investimentos à medida que a taxa básica dos juros vem declinando. Em outro trecho do discurso, Dirceu disse que o sistema financeiro precisa se preparar para fazer esses investimentos e para sair da Tesouraria. "Temos de reduzir os juros para que isso seja uma necessidade para ele (sistema financeiro) e não um apelo", advertiu. Ao longo do discurso, o ministro também fez várias menções à necessidade da queda dos juros básicos, embora tenha explicitado que isso precisa ser feito de forma "lenta, gradual e segura". Num determinado trecho de seu discurso de 40 minutos, Dirceu afirmou que certas discussões "ficam mais simples se formos mais simples também". Em seguida, disse que o governo sustentará o as metas de superávit fiscal e de inflação, mas com a redução dos juros. E com a destinação de todo o recurso orçamentário possível para investimentos em infra-estrutura. "O governo tem de ser mais eficiente, mais rápido. Mas o empresário também tem de fazer investimentos", disse, cobrando em seguida a redução dos spreads. Banco Central Dirceu disse que é preciso reconhecer que o Banco Central não faz política econômica ou política de desenvolvimento. Ele advertiu, no entanto, que o BC "sente e apalpa a realidade". Segundo o ministro, o Banco Central "não pode deixar de reconhecer" sinais importantes como a manutenção da taxa de juros norte-americanos em 1% ao ano, assim como as possíveis próximas decisões do Congresso de aprovação da Lei de Falências ou de mudanças no sistema imobiliário brasileiro. "Se o País quer ter um superávit menor, precisa de uma política que permita uma queda dos juros e faça o País crescer", afirmou Dirceu, ponderando que cada um ponto porcentual de redução do superávit fiscal implica a destinação de R$ 15 bilhões para investimentos produtivos. Em seguida, o ministro leu uma longa lista de medidas pró-crescimento que o governo Lula já adotou, está adotando e pretende adotar. Regulação do setor de saneamento Na próxima semana, o governo enviará ao Congresso Nacional, segundo ele, o projeto de regulação do setor de saneamento. "Esse esforço precisa ser explicitado para os agentes econômicos que tendem a exagerar quando o Congresso Nacional não vota por 15 a 20 dias", disse, ponderando que isso faz parte da democracia, na medida em que muitos projetos dependem de uma ampla negociação e da obtenção de uma maioria parlamentar para serem aprovados, envolvendo inclusive representantes de setores econômicos. "Os agentes econômicos precisam entender o que é a realidade: há um impulso permanente e persistente de reformas no País", afirmou. Dirceu disse ainda que há uma constante mudança no sistema tributário brasileiro e citou, como exemplos, a desoneração da Cofins e o debate para correção da tabela do Imposto de Renda para Pessoa Física. "Mais cedo ou mais tarde, o governo precisaria enfrentar essa discussão", afirmou sobre o imposto de renda, sem, no entanto, dar qualquer detalhe.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.