Para CNBB, democracia 'corre riscos'

Confederação divulga nota em que critica contexto político-econômico atual e alerta contra surgimento de um 'salvador da pátria'

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Por Redação
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O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou nota na quarta-feira, 3, em que afirma que o estado democrático de direito "corre riscos". "O Estado democrático de direito, reconquistado com intensa participação popular após o regime de exceção, corre riscos na medida em que crescem o descrédito e o desencanto com a política e com os Poderes da República cuja prática tem demonstrado enorme distanciamento das aspirações de grande parte da população", diz texto lido nesta quinta-feira, 4, pelo secretário-geral da CNBB, Leonardo Ulrich Steiner, durante encerramento da 55.ª Assembleia Geral da CNBB, em Aparecida (SP). 

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O documento faz um alerta contra o possível surgimento de um 'salvador da pátria' no contexto atual de crise política e econômica. "Desconsiderar os partidos e desinteressar-se da política favorece a ascensão de “salvadores da pátria” e o surgimento de regimes autocráticos", diz o texto. A conferência afirma que é preciso abandonar a prática do "toma lá dá cá como moeda de troca para atender a interesses privados em prejuízo dos interesses públicos".

A CNBB faz críticas à política econômica que prioriza o capital no lugar do ser humano. "Intimamente unida à política, a economia globalizada tem sido um verdadeiro suplício para a maioria da população brasileira, uma vez que dá primazia ao mercado, em detrimento da pessoa humana e ao capital em detrimento do trabalho, quando deveria ser o contrário. Essa economia mata e revela que a raiz da crise é antropológica, por negar a primazia do ser humano sobre o capital". Mais adiante, acrescenta que "quando é o mercado que governa, o Estado torna-se fraco e acaba submetido a uma perversa lógica financista".

O texto destaca ainda a necessidade de o Brasil "reconstruir seu tecido social". "O desprezo da ética leva a uma relação promíscua entre interesses públicos e privados, razão primeira dos escândalos da corrupção. Urge, portanto, retomar o caminho da ética como condição indispensável para que o Brasil reconstrua seu tecido social."

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