Para católicos, a guerra não é o caminho

Por Agencia Estado
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Os representantes da Igreja Católica nos países de língua portuguesa, reunidos em Brasília, defenderam hoje que a guerra não é o caminho que deve ser trilhado nesse momento, mesmo entendendo a posição da nação americana, ferida em seu orgulho após os ataques terroristas ao World Trade Center e ao Pentágono. Para o cardeal patriarca de Lisboa, Dom José Policarpo, o mundo chegou em um momento de inflexão. "Nós temos que escolher entre o caminho do sofrimento coletivo ou da generosidade em torno de uma união pelo bem", definiu ele. Para ele, os atentados reafirmam a necessidade de se prestar mais atenção na atual divisão mundial, que estabeleceu um fosso entre o mundo capitalista e as demais nações do planeta, alheias aos processos de decisão. Na visão do presidente da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Jayme Chemello, ninguém ganha com esse conflito que se desenha. "Perdem o Brasil e outras nações periféricas do cenário econômico mundial, mas também perde os Estados Unidos, que se vê obrigado a investir todo seu potencial econômico na fabricação de armas". Os religiosos condenaram as tentativas, tanto por parte dos muçulmanos como pelo lado dos americanos, de se dar ao conflito uma conotação de guerra santa. "As pessoas não diferem entre o mártir e o fanático. Enquanto o primeiro doa a vida por amor, o segundo joga bombas nos outros." As críticas recaíram ainda sobre o nome "Justiça Infinita", dado pelo presidente norte-americano, George W.Bush, à operação de combate ao terrorismo. "Só quem pode praticar a Justiça Infinita é Deus", justificou o secretário-geral da CNBB, Dom Raymundo Damasceno Assis. Do ponto de vista estratégico e bélico, o presidente da CNBB acha que a guerra não exterminará o terrorismo. "Esse é um mal imprevisível, as pessoas morrem sem saber porque estão sendo atacadas". O cardeal disse que isso ficou bem claro após os últimos acontecimentos. "Os Estados Unidos se achavam invulneráveis e, de repente, percebemos que qualquer um pode receber bombas na cabeça".

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