Para Carvalho, democracia sem partido 'não existe'

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Por Ligia Formenti
Atualização:

O ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, disse na manhã desta quinta-feira, 27, ter considerado que foi salutar a resposta institucional apresentada nos últimos dias, em resposta às manifestações populares que tomaram conta das ruas do País. "Autoridades têm de ouvir o que as ruas dizem. Seria preocupante se houvesse surdez em relação a essas manifestações." Para ele, haverá tempo suficiente para a realização do plebiscito, mas será necessária a resolução rápida de algumas questões. Carvalho esteve presente nesta manhã no Seminário Memória e Compromisso, realizado em Brasília.Para o ministro, o apartidarismo do movimento pode ser considerado como uma crítica à forma como os partidos se organizam até agora. "Seja no Congresso, seja no Executivo e é importante se procurar a razão." Ele salientou, no entanto, que democracia não é possível sem expressão partidária. "Democracia sem partido não existe. O que existe sem partido é ditadura."Carvalho afirmou ser necessário que autoridades tenham "humildade e ouvidos abertos" para interpretar as recentes manifestações. "Estou cada vez mais satisfeito. Tirando o vandalismo, resultado da ação de gente que se aproveita, o Brasil está ganhando. Sempre sonhamos com o Brasil mais participativo. O movimento reivindica algumas questões que são difíceis, mas temos de dialogar. O País vive um momento precioso, que força as instituições a tomar atitudes. Nada mais saudável".Questionado se a manifestação dos últimos dias não seria um sintoma da falta de canais de diálogo do governo com a sociedade, ele afirmou ser necessário ter humildade. Ele argumentou que o setor que agora se manifesta até então não estava organizado, não se manifestava. "Essa é uma forma nova de atuação. Cabe a nós entender esse novo movimento, analisar com humildade, entender o que se quer."O Seminário Memória e Compromisso, que contou hoje com a presença de Carvalho, está sendo realizado na capital federal pela Comissão Brasileira de Justiça e Paz (CBJP), organismo vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Tem por objetivo relembrar a atuação dos cristãos no processo de anistia política e de redemocratização do Brasil durante o período de 1964 a 1988.

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