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Para Bornhausen, 2010 começa hoje

Vitória em SP antecipa montagem de palanque para briga presidencial; PSDB, DEM e PPS agora cortejam PMDB

Por Christiane Samarco e BRASÍLIA
Atualização:

"2010 começa nesta segunda-feira." É assim, indo direto ao ponto e assumindo a estratégia abertamente, que o presidente de honra do DEM, Jorge Bornhausen (SC), entende o resultado geral das urnas. Reforçados pela vitória do prefeito Gilberto Kassab em São Paulo, que o PSDB do governador José Serra também toma como sua, tucanos e DEM começam a construção conjunta do palanque da sucessão presidencial. Junto ao PPS, que se consolidou na parceria, PSDB e DEM passam a operar com um objetivo estratégico: atrair o PMDB. "A conquista do PMDB é a tarefa política do Brasil nos próximos dois anos", afirma o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), ao frisar que essa legenda "é fundamental por sua relevância parlamentar e pelo seu tamanho eleitoral". Bem-sucedido na administração da aliança paulistana e suas crises, o triunvirato composto por Serra, Bornhausen e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso participará da linha de frente da operação. O comando, porém, será entregue a Guerra e Kassab, esse na condição de presidente do conselho político do DEM. Na montagem inicial da aliança PSDB-DEM-PPS, Kassab foi coadjuvante. Mas o reforço da dupla vitória - contra dissidentes tucanos e contra o PT - e o estatuto do partido, que confere a tarefa de conduzir o processo eleitoral de 2010 ao presidente do conselho político, não à Executiva Nacional, garantem ao prefeito lugar de destaque na negociação. Líderes do PSDB advertem, contudo, que essa montagem terá de incluir outro personagem: o governador de Minas, Aécio Neves, cuja candidatura a presidente nenhum tucano ousa descartar a dois anos da eleição. É fato que a aliança local de Serra com o DEM, depois da luta interna do PSDB, mostrou-se mais sólida e consistente do que a aliança geral montada por Aécio em Belo Horizonte. A parceria mineira, que colocou PT e PSDB como alicerces de uma candidatura do PSB, mostrou pouca solidez e o resultado também não foi o esperado porque o governador não rachou o PT mineiro, como gostaria. Ainda assim, o tucanato adverte que a questão está muito longe de ser resolvida no PSDB: o que saiu das urnas foi um PMDB mais forte, embora sempre dividido, e um DEM menor. ALCKMIN E QUÉRCIA Se a vitória de São Paulo é a melhor leitura sobre 2010, porque é ali que está Serra, virtual candidato dos tucanos ao Planalto, ironicamente foi ali, também, que outro tucano, Geraldo Alckmin, pôs à prova a parceria nacional PSDB-DEM. Não por acaso, Alckmin foi estimulado a disputar a prefeitura por Aécio, enquanto Fernando Henrique e Bornhausen gastavam toda a saliva que tinham e a de outros amigos escalados para ajudá-los a convencer Alckmin a não concorrer e a aceitar o acordo para ser o candidato do bloco ao governo do Estado, em 2010. Com a cumplicidade disfarçada do governador de São Paulo, os tucanos da ala kassabista se movimentaram a ponto de reunir votos para apresentar e aprovar a candidatura do prefeito à reeleição, na convenção do PSDB. Assustado com o efeito bomba que a derrota de Alckmin poderia produzir sobre suas pretensões presidenciais, Serra foi aconselhado por Guerra a desmontar a disputa na convenção. Este foi o momento crítico da campanha de Kassab, que trabalhava com a estratégia dupla de conseguir o PMDB e ganhar a convenção tucana. De outro lado, foi a teimosia de Alckmin em se candidatar que levou o trio FHC, Bornhausen e Serra a procurar Quércia e o PMDB, antes que o PT de Marta Suplicy o fizesse. O sucesso da operação deu ao prefeito um longo tempo na TV. EM CENA No segundo turno, o mérito político foi de Kassab, que, sem manobras prévias, procurou Alckmin e saiu com o tucano às ruas. Proclamado o resultado das urnas, Kassab recebeu um telefonema de Bornhausen: "Cabe a você telefonar para o Alckmin." Assim foi feito. Exultante com o comando da prefeitura da maior cidade do País, o DEM entra agora na corrida sucessória certo de que está consolidado no espaço de oposição ao PT, pelo centro. "A perspectiva que se abre em São Paulo vai para muito além de 2010. É a perspectiva de futuro para o DEM que o governo Lula queria arruinar nesta eleição", diz o vice-presidente do partido, deputado Paulo Bornhausen (SC), para concluir: "Queriam comemorar nosso desaparecimento, mas serão derrotados em 2010 por nossa aliança."

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