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Para bispo do Xingu-PA, Marina foi forçada a se demitir

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Por José Maria Tomazela
Atualização:

O bispo de Altamira e do Xingu (PA), d. Erwin Klautler, disse hoje que a Amazônia perdeu muito com a saída da ex-ministra do Meio Ambiente e senadora Marina Silva (PT-AC), que pediu demissão ontem. "Ela defendeu com unhas e dentes a Amazônia, o meio ambiente, o desenvolvimento sustentável e os povos que vivem na floresta, especialmente os povos indígenas." Hoje, ainda sem ter a confirmação do nome do novo ministro, Carlos Minc, d. Erwin se disse "descrente" quanto ao desempenho dele. "Não vou dizer que está tudo perdido, mas isso eu quero ver primeiro." O bispo de Altamira e do Xingu, que foi ameaçado de morte pela luta em defesa do meio ambiente e das causas amazônicas e está sob proteção policial, lamentou a saída de Marina. "Quando soube, levei um susto. Ela tem uma bagagem muito rica da Amazônia; por isso, eu lamento." Para d. Erwin, Marina foi forçada a se demitir. "Ela não desistiu, foi ''desistida'', simplesmente, porque, sendo uma representante da Amazônia, não teve o apoio necessário que o governo deveria dar." Além dos recursos "magrinhos, como ela", segundo ele, o governo deixou de dar suporte às iniciativas que Marina tomava em defesa do povo amazônico. "Claro que ela não pôde fazer milagres, e isso não vamos exigir de ninguém, mas ela não recebeu apoio nem do governo Lula, nem dos governos estaduais." D. Erwin disse que as entidades e movimentos sociais de defesa da região continuarão a luta contra as grandes ameaças, como o desmatamento, o envenenamento dos rios e os projetos econômicos de impacto negativo. Como senadora, Marina será convidada a participar do Encontro Xingu Vivo para Sempre, que se realiza de segunda-feira ao dia 23, em Altamira, para discutir, principalmente, as propostas de construção de hidrelétricas no Rio Xingu. O evento reunirá representantes dos povos indígenas e de uma centena de grupos sociais da Bacia do Rio Xingu.

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