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Pão, o forte de uma dieta que mistura Da Vinci e matemática

Por Agencia Estado
Atualização:

Um padeiro que perdeu quase metade de seus clientes para a dieta Atkins, pobre em carboidratos, pegou carona no best-seller de Dan Brown e criou uma alternativa chamada Dieta de Da Vinci, que, espera, trará as pessoas de volta ao pão. Um pouco de teoria matemática misturada com a erudição bíblica de O Código de Da Vinci transformou Stephen Lanzalotta num sábio da dieta, respondendo à ?questão do carboidrato? com uma série de conferências que promovem a dieta que ele segue há década para manter uma musculatura de 72 quilos, mesmo agora, na meia idade. Obviamente, ele não é nem um nutricionista nem um erudito ? sua formação é em biologia e bioquímica. Mas Lanzalotta argumenta que as pessoas comem pão há tempo demais para que, de repente, esse seja o motivo pelo qual estão se tornando gordas. ?A civilização humana e o grão têm ligações imemoriais. Nenhuma sociedade evoluiu sem o grão, não importa qual fosse?, diz Lanzalotta, que mistura suas massas manualmente. ?Não que eu acredite que pão é uma das comidas sagradas, mas é uma das coisas mais importantes que podemos comer.? Lanzalotta argumenta que o pão participa da construção de blocos do corpo e, com moderação, pode levar a um humor mais estável, pensamento mais claro e a um corpo rijo como pedra, com o estômago de tábua de uma estátua da renascença. A Dieta de Da Vinci não foi publicada e é revelada basicamente nas palestras do padeiro. E consiste principalmente de comidas do Mediterrâneo ? a comida que os pensadores e artistas da antigüidade comiam. Peixe, queijo, legumes e verdura, carne, nozes e vinho, além do pão ? nenhum é tabu na mesa de da Vinci. Em sua dieta, Lanzalotta usa uma fórmula complicada, criada por ele e que repousa no valor do pi, um número descobertos por matemáticos antigos, usado para construir pirâmides e que tem um papel importante no livro de Brown. O valor 1.618 é tido como a proporção de ouro/ E durante séculos tem fascinado artistas, filósofos e matemáticos. Levando em conta fatores como tipo do corpo, a dieta estabelece 52% de carboidratos, 20% de proteínas e 28% de gorduras na alimentação diária. É menos carboidratos e mais proteínas que as diretrizes federais normais nos EUA. A fórmula também pode ajudar as pessoas a encontrar a comida certa sem lançar um olhar enfastiado ao pão que os humanos vem consumindo há séculos, garante Lanzalotta. Um pouco suspeito? Talvez. No livro The Golden Ratio (A Proporção de Ouro), Mario Livio, um astrofísico do Telescópio Hubble, discute a história do número. Mas Livio questiona se uma dieta baseada nele é melhor para o corpo. ?Não fico surpreso pelo fato de que a proporção de ouro ser incorporada em muitas coisas?, diz. ?Mas afirmar que estamos totalmente harmonizados ao número? Não acho que haja uma evidência forte disso.? Lanzalotta não está sozinho ao considerar importante o carboidrato na alimentação, lembra Dave Grotto, porta-voz da American Dietetic Association. Ele concorda com Lanzalotta na reclamação de que a maioria dos novos petiscos ?à moda Atkins?, nas prateleiras das mercearias, são acima de tudo alimentos não nutritivos ? biscoito com baixo teor de carboidratos e gosto que os críticos descrevem como o de cartolina. ?A indústria da panificação está sendo visada em seu ponto fraco?, diz Grotto. ?Mas a verdade é que nós comemos porque gostamos do gosto da comida. E algo disso se perde quando transformado em comida de baixo teor de carboidratos. Algumas são horríveis.? Enquanto as dietas pobres em carboidratos retiram amido da cada vez mais obesa população americana, Lanzalotta passa horas pesquisando alimentos, explorando regimes radicais e encontrando meios de incluir pão e torná-lo saudável. Na verdade, ele compreende porque as dietas com baixos teores de carboidratos funcionam e aprecia a disciplina envolvida nelas. Esse tipo de dieta tem seus pontos fortes, admite. ?Não estou sugerindo que comamos mais pão?, explica Lanzalotta. ?Estou apenas tentando apontar o problema de comer-se apenas carne.?

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