PUBLICIDADE

Palmeira e Molon disputam prévia do PT-RJ à prefeitura

Por Wilson Tosta
Atualização:

Com a renúncia da ex-governadora Benedita da Silva (PT) à pré-candidatura à Prefeitura carioca, anunciada anteontem, acirrou-se a disputa nas prévias que escolherão o candidato da legenda à administração municipal entre o deputado estadual Alessandro Molon e o ex-deputado federal Vladimir Palmeira. A ex-governadora não deverá apoiar ninguém na votação, que ocorrerá em 30 de março, mas seu grupo político decidirá nos próximos dias como vai agir. No partido, avalia-se que a vantagem de Molon continua, mas pode ter diminuído por causa da saída de Benedita e de alguns episódios ocorridos nos últimos dias, que podem ter gerado desgaste a ser explorado por Vladimir. Benedita comunicou sua renúncia aos companheiros de facção, parte do antigo Campo Majoritário, em reunião no Hotel Rio Presidente com mais de 70 pessoas. No encontro, ela fez uma longa avaliação de sua trajetória no PT, recordando, entre outros motivos, que nunca foi "puxadora" de legenda e lembrando que em 2002 teve o melhor resultado de um candidato petista na disputa do governo fluminense. Após a reunião, entregou ao presidente do PT local, Alberto Cantalice, um documento dirigido ao partido, em que comunicava a desistência. "É necessário avaliar as circunstâncias e sobretudo colaborar para que se estabeleça, dentro do Partido dos Trabalhadores e com os demais partidos que compõem a base de sustentação dos governos estadual e federal, a melhor composição para que o projeto político comum se alicerce e cresça", afirmou a ex-governadora no documento. "Embora não tenha sido uma decisão fácil, abro mão da minha pré-candidatura à Prefeitura do Rio de Janeiro, para que encontremos, dentro e fora do Partido dos Trabalhadores, a composição mais adequada para nos conduzir à vitória eleitoral e política." Disputa A ex-governadora também procurou Vladimir para lhe contar a decisão e para lhe dizer que não apoiaria ninguém - temia-se que Benedita pudesse fechar um acordo com Molon em troca de apoio para disputar o Senado em 2010. Ela disse ao ex-deputado que não participaria da suposta tentativa de "isolá-lo politicamente". A petista não gostou de o deputado estadual ter procurado o seu marido, o ator Antonio Pitanga, para lhe pedir apoio antes que ela anunciasse a renúncia. Outro movimento de Molon que causou problemas foi uma tentativa de conseguir o apoio do prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias, historicamente ligado a Vladimir. A aproximação foi rejeitada. Aparentemente, porém, Molon continua em vantagem. Ele conseguiu o apoio da maioria dos deputados estaduais petistas com base na capital, dos deputados federais e da boa parte dos líderes mais expressivos do PT. Com Vladimir, ficaram o deputado estadual Jorge Babu, Lindberg e o ministro da Igualdade Racial, Edson Santos. O dirigente Lourival Casula é considerado o último chefe de grupo político expressivo que ainda não se decidiu. Os votos que supostamente controla, cerca de 700, podem ser decisivos. "Acho que o Molon vai ganhar", disse Cantalice, que apóia o deputado estadual. "Acho que tem uma maioria clara pelo Molon." Entre os adeptos de Vladimir, contudo, há a esperança de repetição de 1998, quando o ex-deputado derrotou em convenção Jorge Bittar, que era o favorito.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.