O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse, nesta quinta-feira, que o Brasil continua confiante que o povo palestino continuará a perseguir, de forma pacífica, o caminho para a sua soberania. Ele observou, no entanto, que isso dependerá dos dois lados (da Palestina e de Israel), e não só da Autoridade Palestina. "Os nossos votos são de que o povo palestino realize o seu direito de se organizar como um Estado, de forma pacífica na região", afirmou. "O Brasil compartilha essa dor com o povo palestino e com o povo árabe em geral", disse Amorim, referindo-se ao falecimento do líder Yasser Arafat. Segundo Amorim, Arafat, a quem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a conhecer pessoalmente, "teve um papel importante no processo de busca da paz na Palestina". Ele lembrou que se chegou perto de uma solução para o conflito na região e atribuiu à intolerância dos dois lados o fato de não se ter concretizado um acordo de paz. Amorim lembrou, também, que o Brasil tem prestado seu apoio ao chamado "Mapa da Paz" e disse que se dispõe a ajudar no que for cabível. "Sabemos das nossas limitações, mas temos muito boas relações com os países árabes e com Israel", observou. Comitiva Amorim informou que a comitiva brasileira, chefiada pelo ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, que participará das cerimônias fúnebres em homenagem a Arafat no Cairo, chegará à capital egípcia na manhã desta sexta-feira, pouco antes do início das solenidades. Ainda de acordo com o chanceler brasileiro, o embaixador Afonso Ouro Preto, que integra a comitiva, será enviado também a Ramallah para o enterro de Arafat. Na oportunidade, ele entregará uma mensagem do governo brasileiro. Questionado por que o próprio Lula não chefia a comitiva, Amorim argumentou que seria difícil cancelar uma viagem de estado como a do presidente da China, Hu Jintao, que está hoje no Brasil. "Seria uma desfeita muito pouco de acordo com as boas normas internacionais", afirmou.